sábado, 29 de maio de 2010

"só pra ser diferente", disse-me um adolescente no Metrô

Vivi uma situação inusitada, ontem, no Metrô Rio pela manhã. Três adolescentes, que vestiam casacos de times futebol estrangeiros (Itália, França e Inglaterra), chamaram-me a atenção. Justamente neste período que antecede a Copa do Mundo, onde o espírito ufanista do "Salve, Salve Pátria Amada" impera. As inscrições dos países, ainda por cima, escritas em inglês.

Não resisti a curiosidade e perguntei ao que estava mais próximo de mim, o motivo por estarem usando aqueles casacos de times estrangeiros e não do Brasil. "É só pra ser diferente, pra não ficar tudo igual", respondeu-me o rapaz sem muitas mais palavras, claro e direto. Ainda tentei entender um pouco mais daquele raciocínio e perguntei-lhe ainda, se ele achava ruim ser tudo igual. "Eu acho", respondeu-me.

Fez-me pensar sobre o real significado dessa postura, que se assume geralmente nessa época, em períodos de Copa do Mundo. Fez-me pensar, ainda, questões como identidade nacional, sentimento de pertencimento, e, inclusive, sobre o fato de um ponto que possa igualar uma quantidade considerável de compatriotas ser algo ruim. O que nos igualaria de fato? Afinal sermos um "pátria de chuteiras", como definiu Nelson Rodrigues, tem um sentido pernicioso para a identidade cultural brasileira.

São perguntas que estão aí, e se querem assim mesmo: meio colocadas para não terem resposta mesmo. Mas pelo simples de me fazerem pensar, colocam-se, aqui, entre aspas...

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