quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dados fidedignos extraídos da Universidade Federal do Paraná, para que possamos colaborar neste momento difícil:

DEFESA CIVIL DE SC ABRE CONTA CORRENTE PARA RECEBER DOAÇÕES

Notícias do site http://www.defesacivil.sc.gov.br/

Caixa Econômica Federal - Agência 1277, operação 006, conta 80.000-8 /

Banco do Brasil – Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7 /

Besc – Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0. /

BRADESCO S/A - 237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

O nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57. Defesa Civil de SC alerta sobre ação de golpistas pela Internet. A Defesa Civil não envia mensagens eletrônicas com pedidos de auxílio. As contas oficiais para depósito são as publicadas neste site.

DOAÇÕES: As Secretarias Regionais (SDR's) da região do Alto Vale do Itajaí (Blumenau, Brusque, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville e Timbó) montaram bases de distribuição e arrecadação das doações às pessoas afetadas pelas fortes chuvas do último final de semana.Consulte locais para entrega no: 48 - 4009 9886 ou nas SDR's.
As empresas ou pessoas de outros estados que tiverem interesse em fazer doações também devem ligar para: (48) 4009 9886. Os catarinenses devem ligar para 199 ou para a SDR mais próxima do seu município.

23:00h Dia 26 Nov 08 SITUAÇÃO POR MUNICÍPIO E DAS RODOVIAS

Informamos que a Defesa Civil Estadual é a fonte oficial relacionada às inundações e deslizamento ocorridos em Santa Catarina nos últimos dias.

Retificação do número de óbitos: informamos que o número oficial de vítimas fatais decorrentes das enchentes até o momento é de 97 pessoas. Com base em informações repassadas pela Prefeitura de Luís Alves, informamos - equivocadamente há pouco - o registro de outros dois óbitos no município, que não se confirmaram.

Registro de 78.656 desalojados e desabrigados, sendo 27.404 desabrigados e 51.252 desalojados. São 97 óbitos e 19 desaparecidos confirmadas e mais 1.500.000 afetados. 06 municípios isolados - sendo 63.965 pessoas (São Bonifácio, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Itapoa e Benedito Novo). Soledad - 4009 9885 - 8843 3695 - Na Defesa Civil SC. Fotos e notícias gerais no site do Governo do Estado: www.sc.gov.br/webimprensa.

domingo, 23 de novembro de 2008

- PAPEL versus WEB -

A escassez dos escafandros.

Como já não sou mais uma criança, nem nasci nestes tempos onde o virtual soa como se sempre existisse; penso nos jovens deste tempo, que quando buscam uma determinada informação, seguem retos para o caminho do computador, como se de lá fossem retirar a elucidação de seus questionamentos. Distantes portanto, de uma época (nem tão passada assim), onde as informações adquiridas nos jornais, não serviam apenas para sabermos do cotidiano ou auxiliar nos deveres escolares, pois serviam-se também a mergulhos profundos na busca do conhecimento.

Previsões nada otimistas, indicam que em cinco anos os jornais editarão apenas versões on-line. Assim, abrir-se-á espaço para a definitiva proliferação das notícias rápidas. Isso pode até se concretizar, contudo, penso que ainda existirá o espaço para os os parcos leitores, que buscarão textos reflexivos, textos estes, que, ainda, necessitam de mais espaço, menos próprios, portanto, para a web - precessora e preceptora do tempo real e da agilidade.

Contudo, no papel, observa-se o acentuado decréscimo dos suplementos - cadernos específicos, relacionados à determinada área ou categoria (Literatura, Gastronomia, Viagem, etc.), um aditivo específico do jornal , como se pudesse ficar destacado do todo.

Lembro-me bem do quanto aprendi, lendo suplementos de Arte e Cultura, com os cadernos Prosa & Verso e Segundo Caderno de O GLOBO, mas os mergulhos foram de fato dados, na imersão do Idéias do JB e Mais! da Folha de S. Paulo. Estes, ricos em suas análises e que eram sustentados por especialistas de diversas áreas. Tenho, inclusive, a satisfação de ter guardado (após certa pré seleção), cerca de dezesseis exemplares do Prosa & Verso, de setembro de 2202 a maio de 2007; mais trinta e quatro exemplares do Mais!, de julho de 2000 a setembro de 2004.

Hoje, infelizmente, com o que nos é dado, apenas "surfamos" por sobre as informações, nunca adentrando ao fundo, justamente, pois nos faltam escafandros...

sábado, 22 de novembro de 2008

O lado crítico dos internautas: o boca-a-boca virtual.

O lado nerd e muitas vezes, o aspecto de recluso ao mundo, que são atribuídos aos internéticos, podem trazer consigo outros componentes, que nos ajudam a elucidar este contemporâneo personagem destes tempos pós-modernos.
Um exemplo pode ser visto em determinadas tribos de consumo, que se formam e aglutinam em sites de relacionamento como o Orkut, posicionando-se de forma crítica quanto a marcas e produtos.
Lá, elegendo marcas e serviços, trocando informações quanto aspectos negativos e até mesmo positivos, formatam-se como verdadeiros formadores de opinião.
Um exemplo pode ser extraído do "Toddy é bem melhor que Nescau", que manisfestam não só suas insatisfações como principalmente, seus contentamentos e age assim, de forma gratuita e livre, a expressão de seu pensamento, que neste caso, agracia a referida empresa de chocolatados.
A relevância deste livre expressar pode ser visto no posicionamento de empresas como o Boticário, Pepsi, Coca-Cola, Grupo VR, Bradesco, Banco Real e Wal-Mart, que monitoram os internautas formadores de opinião, que falam de suas marcas.
Assim, as empresas aprendem com essas comunidades, que são ótimos termômetros para captar informações com seus consumidores e de quebra, verifica-se ainda, que pode existir vida inteligente sim, na internet, pois a questão não é a ferramenta, mas o adequado manuseio que se faz dela.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... a gênese de um texto, que se pretende teatral e totalmente metabolizado, pois como já disse Miguel de Cervantes; "cada um é filho de suas obras".

"Não caibo entre aspas..." - Da gênese ao ato; o processo.

Como se dá a gênese de um processo criativo? Como se constituem os fatos, que devidamente agregados, metabolizar-se-ão naquilo que ainda é do mundo das idéias?

Assim como tudo que busquei fazer, o lúdico sempre é utilizado para dar lustro ao objeto artístico. Assim, quando visualizava as isoladas cenas, do que viria a ser, posteriormente, o "Não caibo entre aspas...", já via-a totalmente poética e plasticamente bela. Com recursos cênicos simples, mas que fizessem alusão direta ao circense, à caixinha de música, à poesia, ao quarto da menina, ao baú de brinquedos, dentre tantas e outras mais referências.

Constituir-se-á em monólogo, para uma atriz e que traga embutida em si, as músicas autorialmente compostas e executadas ao vivo. Para a direção musical, nenhuma outra pessoa cabia, que não fosse Aruan Lotar, com o qual montei o espetáculo músico-teatral Circo Industrial (mais detalhes no blog - http://liberdadecomexpressao.blogspot.com). A dificuldade veio, quando se buscava uma atriz para compor a personagem. A primeira e que soube em primeira mão do espetáculo, foi Natália, integrante do Grutacha (Grupo de Teatro da Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso) e com a qual uma forte reciprocidade se estabeleceu assim que nos conhecemos.

Mas como muitos são os caminhos e poucos os pés a percorrê-los, perdêmo-nos , Natália para um lado, saindo inclusive da faculdade e eu desembestando também para outras tentativas... Assim, engavetado ficou o projeto deste espetáculo músico-poético-teatral, para dar lugar a outro, o projeto sobre o ano de 1968 - 68: uma liberdade com expressão.

E assim como os caminhos são muitos, e em certos casos podem se bifurcar, permitindo que iguais se reencontrem e se reconheçam; para trocar experiências, idéias, criatividades e principalmente, sonhos. Localizei Aruan Lotar dentro do grupo de alunos da Facha, que pensavam a semana de 68, e Clarisse na construção do espetáculo Circo Industrial. Clarisse encaixou-se perfeitamente à idéia da personagem em si. Clarisse dos Santos de Souza, 20 anos, aquariana do dia 9 de fevereiro; trás consigo, dez anos de Ballet Clássico (Studio de Ballet Bertha Rosanova), um ano de Ballet Contemporâneo (Cia. de Dança Deborah Colker), uma ano de Dança de Salão (Academia Max Forma), um ano de oficina do GRUTACHA, sem falar da experiência com o público, obtida nos três meses de estágio como guia de turismo no Maracanã. Mas não foi toda essa bagagem que me fascinou e sim, uma carinha de sapeca, num corpo de bailarina, com seus cabelos de boneca, que simplesmente, faziam/ fazem dela, a persona certa na hora adequada, para o final feliz de qualquer espetáculo.

E seguindo as idéias inseminadas por Aruan, eis-me aqui, escrevendo, tendo idéias, mas principalmente e sobretudo, narrando o processo criativo, pois enquanto não caibo entre aspas, que elas sejam utilizadas para referenciar o pouco do muito, que considero importante e fundamental...

..., mas a IGUALDADE será sempre citada...

=

Um sinal. Um símbolo.

Dois patamares que sobrepostos,

deslocam-se juntos rumo ao infinito.

Pegadas irmãs. Mesma direção.

Um par, lado a lado. Conjunto.

Se isolados, indicam o

sinal que a tudo subtrai,

mas conjugados assim

indicam o crescimento,

a irmandade,

a conclusão

e sobretudo

a igualdade.

(Em 29 de janeiro de 2005,

(no Fórum Social Mundial em Porto Alegre)

..., pois todas buscam os mistérios que têm Clarice.

Trama




Desde que descobrira – mas descobrira

realmente com um tom espantado –

que ia morrer um dia, então não teve mais

medo da vida, e, por causa da morte,

tinha direitos totais; arriscava tudo.


E por arriscar tudo,

permitia-se questões

que não mais indagava.

E assim tão de súbito,

como quando se constatou viva, ou

mesmo tão de repente,

como no dia em que certamente morrerá,

viu em seu suéter, o esgarçado do tecido

- A trama rompida no inesperado; o desgaste.

E desta forma, e por tanto pensar que era,

passou a pesar em não ser mais.

Contudo, como era mais trabalhoso

deixar de ser do que permanecer,

percebeu que estar sendo

tende a ser


tecido.




(Em 26 de julho de 2005 , após a leitura

do conto A Partida do Trem, do livro

Onde Estivestes de Noite de Clarice Lispector)

..., apenas tardes nubladas cabem no momento.

(Foto - Emerson Menezes)


Ondulações


Enquanto o
céu nubla,
ando iluminado.

O humor têm mergulhos sutis
dentro da
alma dos artistas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

..., pois sou apenas poético, independente de estar depositado ou desperto.

Depósito



Não sei se o que penso
é o que deveria
dizer e não digo.

Não sei se o que peso
é o mesmo que deveria reter,
mas fica sem medida.

Não sei se o que passa
é o mesmo que peso e digo,
mas que pesa e

deposita.





Hipótese e possibilidade



Se eu morresse agora,
deixaria a louça da última refeição sem lavar.
Deixarei a roupa da semana sem lavar
e não verei a chuva correr sobre a vila onde moro.
Deixarei da vilarejar, quando
não me faltam vizinhos disponíveis.
Deixarei de fazer a agenda do que teria
e do que deveria fazer, esquecendo-me, como sempre,
de listar meus desejos.
Se eu morresse? quando já poderia estar morto,
posto que não sei, quando se deu meu despertar.
Apego-me ao desapego,
quando percebo o inalcançável da liberdade.


(escritos em 17, 11, 2008)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

"..., (mas) unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda." (Salmo 23:5)

Transbordando


por ti, feito pena, plano.
Pois perante o teu feitiço,
em tudo ponho ponto.

Por ti, feito plena pluma,
paro tudo na plenitude
e parolando solitário, pulo.

E assim, por ti,
feito pássaro, todo emplumado,
passarolando trinados de alegria,

transbordo.
(em, 27, 06, 2008)

..., mas elas abarcam variadas intenções:

(Imagem extraída da Internet)


Iluminuras


Teço palavras
que arredondam-se
em redondilhas.

Traço ilustre ser
tão simples
e assim, lustrado,

ilumino-me.


(em 18, 07, 2008)

..., mas reconheço-as fundamentais, ...

Para citar

algo ou alguém.
Sobre tudo ou
qualquer coisa,

que me tocou e cristalizou
e por isso sempre
ficará gravado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"...do rubro núcleo ao negro céu..." (Morfeus, em Matrix II)

Caibo no teu dentro,
quando me lanço
no teu furdunço.

Chafurdo na lama
buscando sobreposições
ao recalcante jugo.

Cubro o teu rubro,
quando me sugas
o negro absoluto.

( Em 13, 11, 2008, na aula de Estética,
na Facha, da Profa. Rosângela de Araújo;
assistindo ao filme Matrix II)

..., mas uma análise cinematográfica é pertinente, neste caso "Mauá, o Imperador e o Rei".

FILME: MAUÁ, O IMPERADOR E O REI (Brasil. 1999) DIREÇÃO: Sérgio Resende ELENCO: Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Antonio Pitanga, Rodrigo Penna; 134 min.

RESUMO - O filme mostra a infância, o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá, considerado o primeiro grande empresário brasileiro, responsável por uma série de iniciativas modernizadoras para economia nacional, ao longo do século XlX. Mauá, um vanguardista em sua época, arrojado em sua luta pela industrialização do Brasil, tanto era recebido com tapete vermelho, como chutado pela porta dos fundos por D. Pedro II.

CONTEXTO HISTÓRICO A aprovação da Tarifa Alves Branco, que majorou as taxas alfandegárias, e da Lei Eusébio de Queirós, que em 1850 aboliu o tráfico negreiro, liberando capitais para outras atividades, estimularam ainda mais uma série de atividades urbanas no Brasil. Foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, 8 estradas de ferro, 3 caixas econômicas, além de companhias de navegação a vapor, seguros, gás e transporte urbano. Nessa realidade, destaca-se a figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, símbolo maior do emergente empresariado brasileiro, que atuou nos mais diversos setores da economia urbana. Suas iniciativas iniciam-se em 1846, com a aquisição de um estabelecimento industrial na Ponta de Areia (Rio de Janeiro), onde foram desenvolvidas várias atividades, como fundição de ferro e bronze e construção naval. No campo dos serviços Mauá foi responsável pela produção de navios a vapor, estradas de ferro comunicações telegráficas e bancos. Essas iniciativas modernizadoras encontravam seu revés na manutenção da estrutura colonial agro-exportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente britânicos. Essa concorrência feroz, não mediu esforços e em 1857 um incêndio nitidamente provocado destruiu a Ponta de Areia. Suas iniciativas vanguardistas representavam uma ameaça para os setores mais conservadores do governo e para o próprio imperador, que não lhe deu o devido apoio. Sua postura liberal em defesa da abolição da escravatura e sua atitude contrária à Guerra do Paraguai, acabam o isolando ainda mais, resultando na falência ou venda por preços reduzidos de suas empresas.


Sinopse: Irineu Evangelista de Souza nasceu no Rio Grande do Sul e aos 9 anos, órfão de pai, vai para o Rio de Janeiro trabalhar no comércio. Graças a sua impressionante capacidade para os negócios, ganha o reconhecimento do escocês Richard Carruthers, que o "educa" segundo as inovadoras regras do liberalismo. Poucos anos depois, Carruthers volta para a Inglaterra deixando Irineu no comando dos seus negócios. Ele tem 22 anos.Em viagem à Inglaterra, Irineu fica maravilhado com as fábricas de Liverpool e resolve mudar o rumo de seus empreendimentos. Constrói a primeira indústria brasileira - uma fundição e estaleiro em Ponta de Areia. Funda o Banco do Brasil. Constrói nossa primeira ferrovia e a usina de gás que trará a iluminação à capital do Império. Desenvolve a Cia. de Navegação do Amazonas, cria novos bancos no Brasil e no Uruguai e traz para o país o primeiro cabo submarino do telégrafo.Aos 30 anos, Irineu já é a maior fortuna do Império e se casa com sua sobrinha, May. Através de associações com os ingleses, o Barão e depois Visconde de Mauá prospera a ponto de ser considerado o homem mais rico do mundo.Inicia-se um processo que vai minar sua fortuna. Aos 60, vítima de um confronto com adversários poderosos - o Império e os capitalistas ingleses - o Visconde de Mauá enfrenta uma falência humilhante da qual se recuperará anos depois, pagando todas as dívidas.

Outros pontos interessantes a serem destacados:

É interessante avaliar a reconstituição de época que é feita do Rio de Janeiro desse período, onde boa parte do sociedade escravagista é mostrada. O mercado negreiro, é bem situado nas vendas, ou seja, no mesmo espaço onde eram negociados o açúcar, o charque e a farinha de trigo. Verificando-se tambem que praticamente 190 anos atrás, uma sociedade escravocrata que mantinha seus produtos acorrentados e sob constantes castigos.

Uma outra cena interessante, que revela bem a sociedade desse período, são os despejos que são feitos na Baía da Guanabara pelos escravos, que carregavam os dejetos em grandes recipientes, e à noite saíam para despejar os dejetos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

..., mas uma noite cabe inteira, quando uma alma entorpecida não dorme:

Uma noite


quando uma voz
calou teu adeus.
Um copo na mão,
estilhaçado.
Um disco na vitrola,
arranhado.
A janela embaçada.
Minha voz embargada.
Som de porta batendo…
Chove lá fora,
ou aqui dentro?

..., pois Guimarães Rosa preenche milhares, assim, apenas me alimento de suas influências.

Poema à moda rosiana


ﺃ Palavra vigeﺇ


O arvoredo palavreava
em farfalhal trestriste.

Em economizada alegria,
manga de lágrimas ecoam.

Palavras grazinam embolatidas
e rascravam a paisagem.

Raivancudo e atascado
sigo, contudo, colibrífero,

pois as palavras têm
canto e plumagem.

ﺃ Ave, palavraﺇ

(em maio de 2007)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Considerações sobre o filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos” de Marcelo Masagão, como poema, pois aspas cabem para a Arte em qualquer estado:

Indagações


Nós que aqui estamos,
vimos, viemos , vamos e vemos
o que o potencial humano é capaz de criar,
antepondo-nos o nada ao quase tudo.
Maniqueísmo posto enjaulado,
assistimos ao in e ao yang
das possibilidades humanas
passarem como num filme em
slow-motion, flash-back ou aceleradamente.
Humanos estes inanimados e almados animais,
que, em seus opostos, subvertem e abstraem.
Nós que aqui estamos,
ouvimos o inaudível que as guerras
querem insanamente justificar.
Vemos o invisível e o inviável
que a arte pretende denunciar.
Impassíveis assistimos,
que imagens de guerra são atemporais.
E quanto mais para longe olhemos,
nuvens ainda trazem temporais.
Sinestesicamente, fétidas imagens
nos gritam o horror, o horror.
Geneticamente o X pode ser cromossomicamente
diferenciado do Y, contudo, o que as pernas de
Fred Asteire e os joelhos de Josefine Baker
nos mostram é que no rebolado da vida,
somos todos iguais.
Nós que aqui estamos,
homens e mulheres desta geração,
que ícones estamos produzindo
para as gerações futuras?
Que leitura farão de nós,
quando formos apenas matéria
para documentários e estórias?
Como serão vistos no futuro
os registros de dor
de um Munch destes mundos atuais?
Como serão processados os símbolos
de desânimo e despreparo
do Hopper destes tempos?
Quais são os bordados
que estão sendo retalhados
em condições de desilusão e sofrimento
dos Leonilsons e Bispos do Rosário
que conosco convivem e seus lamentos?
Nós que aqui estamos,
somos a representação do hoje,
que será vista amanhã.
Portanto, no agora sabemos reconhecer
os Duchamps e Chaplins
destes conturbados tempos?
Onde estão os poetas neste mundo,
onde os senhores da guerra
pintam dantescos quadros?
Há Baudelaires e Maiakoviskis aqui?
Pois é bem sabido que novos
Hitlers e Stalins ressurgem logo ali.
E nós que aqui estamos, estamos de
fato acordados ou já passamos
para o outro lado?
Metalinguagem pura, quando de dentro
deste poema salta um rebelado fonema,
a transmitir-nos:
- Sim, ainda estou aqui!
(20 de março de 2007 - p/ o curso de Linguística, na Facha, da Profa. Thereza Viana)

..., mas aspas abarcam referências marcantes, tais como:

À moda leminskiana

Ilusão do ser,
pensar ser são.

(04/01/00)



Constatação
(à moda leminskiana)


Só me enfeito,
porque tenho defeito.

(10/11/99)

“mesmo vosso mau amor de vós vos faz do isolamento um cativeiro" - Nietzsche

sou eu sou tudo sou nada


Eu não sou menos que um,
embora muitas vezes
até em minha completude
não consiga ser inteiro.
Eu sou muitos, todos equacionados
numa fórmula que se estende ao infinito nevoeiro.
Sou dividido igual o Visconde Partido ao Meio.
Eu sou o incesto de um filho
que ainda não veio.
Eu sou o veio que se partiu
de variados afluentes desaguados.
Eu sou tanto e vários,
que alguns vão de aristocratas a operários.
Eu sou a mistura heterogênea da corrente,
ainda que infiltrada no beirado isolado
que transborda.

(em agosto de 2007)

“A vida é muito curta para ser pequena” - Chacal

Estive em estados diferentes


E assim termino,
no que mina do meu conto.

Como tudo flui, tudo parte partido,
para em sementeiras ser depositado.

Contudo, no meio de tudo, fico metido
em uma história que corre buscando sentido.

Como tudo que nasce busca no transcorrer do caminho,
desaguar para nunca findar, entendo a eterna procura.

E assim, quiçá, voltar feito nuvem,
para recomeçar como nascente em outro lugar.

(Em 25 de julho de 2007)

..., mas mesmo assim, aspas abarcam pensamentos próprios:

À tarde


quando o sol parte querelas feridas,
queixoso me esguelho
para debaixo das frestas.

Presta que sombras
sejam apenas frescas,
basta para os dias frios em que ardo.

Tardo tanto por te pedir perdão,
que sigo me culpando
pelo teu peito que catapulto.

Puto com tudo e, contudo, perdido,
pinto de vermelho meu luto
e a tudo sepulto.

..., mas elas nos servem para informes também, como o da morte, na Itália, da cantora sul-africana Miriam Makeba

(Imagem extraída da Internet)

ROMA, 10 Nov 2008 (AFP) - A cantora sul-africana Miriam Makeba, 76 anos, conhecida em todo o mundo como "Mama África" e famosa no Brasil pela música "Pata Pata", morreu na madrugada de domingo para segunda-feira vítima de uma parada cardíaca depois de ter participado em um concerto a favor do escritor Roberto Saviano, ameaçado de morte pela máfia, na região de Nápoles (Sicília).

Voz lendária do continente africano e um símbolo da luta contra o regime do apartheid, Miriam Makeba passou mal depois de ter cantado por 30 minutos em um show dedicado ao jovem autor do livro "Gomorra" em Castel Volturno. Foi a última a sair do palco, depois de outros cantores. Houve um bis e neste momento alguém perguntou se havia algum médico entre o público. Miriam Makeba havia desmaiado e estava no chão", afirma um fotógrafo da AFP presente ao evento.Levada rapidamente para uma clínica de Castel Volturno, ela morreu pouco mais tarde em conseqüência de uma parada cardíaca.Mais de mil pessoas compareceram ao concerto antimáfia, em uma área considerada um reduto da Camorra, a máfia napolitana, onde seis imigrantes africanos e um italiano foram assassinados em setembro passado em circunstâncias não esclarecidas.Em "Gomorra", Roberto Saviano submerge o leitor no império da Camorra. O livro, traduzido para 40 idiomas, foi adaptado para o cinema e recebeu o prêmio do júri no último festival de Cannes e foi escolhido para representar a Itália no Oscar.Miriam Makeba nasceu em 4 de março de 1932 em Johannesburgo. Ela começou a cantar nos anos 50 com o grupo "Manhattan Brothers" e em 1956 compôs "Pata, Pata", a canção que seria seu maior sucesso.A cantora viu seu país mudar com a chegada ao poder, em 1947, dos nacionalistas africaners. Aos 27 anos deixou a África do Sul pela carreira e teve a entrada proibida no país pelo compromisso com a luta antiapartheid, incluindo a participação no filme "Come back, Africa".O exílio durou 31 anos, em diversos países. A cantora fazia muito sucesso, mas seu casamento em 1969 com o líder dos Panteras Negras Stokely Carmichael, do qual se separou em 1973, não agradou as autoridades americanas, que a forçaram a emigrar para Guiné. Depois da morte da filha hija única em 1985, voltou a viver na Europa, mas em 1990 Nelson Mandela a convenceu a retornar para a África do Sul.

domingo, 9 de novembro de 2008

..., mas somos produto de tudo que outrora fôra misturado e assim, mantemo-nos produzindo incessantemente:

Homogeneidade

Sou nuvem, sou pedra,
sou, portanto, impermanência.

E somente na tua ausência

te sinto imiscuir-se em mim.

Não coube entre aspas, mas foi escrito, despretensiosamente, em setembro de 2008:

O parto


Com nuvens, pétalas e peças,
despeço-me do tempo.

Não mais projeto,
não mais aguardo,
não mais sentido.

Agora,
tudo possuído do desejado
propulsar por liberdade.

Assim sendo,
com penas, penumbras e poças,

parto.