segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

..., pois bato asas, voando a voar:

(grafite de Kajaman. foto - Emerson Menezes)


Avoado voando


Ouso sonhar com braços
que não possuo.

Abusado, almejo asas
que não terei para farfalhar.

Às vozes que me açoitam
com violência, anseio por perdoar.

Querência das coisas, quererem-se perfeitas,
'inda que inéditas.

E assim, sigo a criar,
como quem se esconde pequenino,
nas nuvens ao luar.

Busco esclarecidamente carente,
que meus tolos murmúrios
se percam nesse viajar.

Sigo assim, sozinho e resoluto,
em tumulto nos desdobrares
do meu contínuo despetalar.


sábado, 27 de dezembro de 2008

..., pois mesmo fragmentado, estardalho por ti:

(Mosaico carioca do chileno Selarón. Foto - Emerson Menezes)


Ciente da ignorância e buscando sabedoria,


queria ser assim, tão observador de mim.
Ser tão circunspecto e ao mesmo tempo tão desperto,
como que plantado em campos de alecrim.

Sorrio iluminado,
pois sei ser a vida assim;
eu em estado estardalhado e estilhaçado
e tu tão longes de mim.

... , assim como nuvens não cabem no céu:

(Foto - Emerson Menezes)



Estive em estados diferentes

"A vida é muito curta para ser pequena"
(Chacal)

E assim termino, no que mina
meu conto de mim.

Como tudo flui, partindo partido,
para em sementeiras ser depositado; parto.

E no meio de tudo, fico metido numa estória,
que apenas corre buscando um sentido.

O que nasce, busca no transcorrer do caminho,
desaguar sumindo, para nunca se findar.

E assim, volto feito nuvem,
para do início recomeçar.

Estive em estados diferentes,
mas hoje desabo rasgado em ti.

(poema de 25 de setembro de 2007, postado neste blog, em outro formato, em 27 dez 2008)

... mas alguns fatos merecem registro e destaque:

(Considero uma das imagens mais representativas do ano de 2008.
Fonte - g1.globo.com/Noticias/Games/0MUL923616-9666...)


Para comemorar,
vamos vaiar!
Não gostou?
Bata palmas!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

... mas para apresentação física de um poema - solto como numa página em branco, concretamente colocado, escrevo:

(Paul Klee. Imagem extraída da Internet)


À moda cummingsiana

O
U

S
O
U

T
U
D
O,

O
U

OS
SU
DO

A
S
SO - M E


..., mas um poema de e.e. cummings, com tradução de Augusto de Campos, cabe concretamente:

(Pardais franceses em algazarra matinal. Foto - Emerson Menezes)

às 5 da man
hã eu ouço par
(que não sabem cantar)
dais que chamam

e 2 ou tal
(que o sabem a esmo
gordos pombos arrulham)
vez 4 ou mesmo

agora a vasta humana mais
(nãomente do intelecto)
do que máquina faz-
se menos que um inseto

às 6 este murmúrio
de signo indaga ao léu
(de um mundo natimudo)
"inferno ou céu"

... pois não me aguento engaiolado:

(Coleiro de peito amarelo. Foto - Emerson Menezes)

À voar para teus lados


Chuvas-pingos caem
e calam-me.

Verdade-conclusão das coisas
de materializarem-se.

Metendo-me em coisas alheias,
refugo-me apartado de tudo.

Refúgio de meu mundo,
ser assim tão mudo e pouco atabalhoado.

Calado, absorto e
embrutecidamente engaiolado,
engasgo.

E assim,
tão louco
de ser tão só;

sonho-me soltar feito
gota sedenta ao seu lago.



terça-feira, 16 de dezembro de 2008

..., mas cabe um poema, fruto de uma cena de rua (fotografada por mim), com epígrafe de Dostoievski, para quando faltam palavras para o nosso tempo:

Pingente amuleto

"Eu era morbidamente sensível, como deve ser
um homem de nosso tempo."
(Dostoievski - Notas do subterrâneo)



Enquanto guardavas a rua ali,
li em teus olhos (que me perscrutavam atento),
todo o alento do mundo.

E eu, como tu, carente criança,
aguardo por armas que venham me proteger
e me dar abrigo, nesses tempos de guerra.

E assim, portas teu pingente-amuleto e revestido
de tamanha envergadura,
passas a ser também o protetor.

Criança, o que te guarda, quando aguardas
alguma coisa, que nem bem sabes o que?

É bom permanecer sentado para que não pese e
desconforte o esperar?

Criança, e como ainda tens a compostura
de abrires teu peito,
ainda tão alargado assim?

Criança, sou eu como tu
e contigo me lanças, com tua zarabatana
para pensamentos que varejem para longe daqui.

Criança, que olhos baços são esses que trazes,
quando ainda te cabe tanta vida e esperança?

Criança, tu sabes, eu sei, e muitos detêm,
que esta tua sina é cena trágica
e se acena sempre assim dramática.

E eu aqui absorto, trago teu amuleto em meu plexo
e assim sendo, exerço meu lado perplexo,
pois ali naquela cena de rua,


Eu era morbidamente sensível,
como deve ser um homem de nosso tempo.


domingo, 7 de dezembro de 2008

Evento sobre 68, no Palácio Gustavo Capanema de 8 a 21 de dezembro de 2008:


Considerações sobre a palestra “Urbanismo Estado Fluido”, proferida pela Dra. Rosane Azevedo de Araújo, na Facha:

A mobilidade do homem na cidade e da cidade no homem.


O ...etc. - Estudos Transitivos do Contemporâneo é um núcleo de pesquisa e produção de eventos sobre problemas emergenciais nos campos da ciência, da cultura e da arte em suas várias manifestações na sociedade, promovendo um diálogo com todos os campos do conhecimento. Seu objetivo é abrir o debate e a discussão ampla, analisando e propondo novas formas e modelos mais eficazes de intervenção social.


Considerações sobre a palestra “Urbanismo Estado Fluido”, proferida pela Dra. Rosane Azevedo de Araújo (coordenadora do grupo ...etc. - Estudos Transitivos do Contemporâneo), no evento Expressões da mente II – o mundo sou eu, no auditório da Facha – Faculdades Integradas Hélio Alonso, em 29 de outubro de 2008.

Segundo apresentado, a arquitetura e o urbanismo são tradicionalmente associados à estabilidade e a permanência, ao sólido e ao duradouro. Contudo, da era moderna para a atual, novos modelos já experimentaram em traçado específico, e fugiram do tradicional, do status quo, do consagrado e instituído.

Assim, arquiteturas diferenciais, condicionadas num urbanismo original, puderam ser vistas em arquitetos como Oscar Niemeyer ou até mesmo em construções específicas como o maior prédio do mundo em Dubay. Configurando-se assim, a idéia do que antes era tão sólido e, portanto, tão propenso a ser o mesmo; em liquefazer-se crescentemente, de décadas próximas para cá.

Verifica-se desta forma, que a não fixação, e a transformação, dão respaldo às questões propostas por autores como Zigmunt Bauman.

Bauman utilizou em seu livro “Modernidade Líquida” a metáfora da “fluidez” ou “liquidez”, para a então era moderna de seu tempo. No prefácio de sua obra, o tempo apresenta relevância especial, pois os fluidos estão sempre prontos à mudança, preenchendo espaços apenas por um momento e por isso mesmo, precisam ser datados. Como a mobilidade dos fluidos se associa a idéia de leveza, essa adentrou na história da modernidade, que não havia sido desde o começo um processo de liquefação, mas foi-se fluindo com o passar do tempo.

Na palestra, citou-se como exemplo deste tempo movente, a possibilidade de se marcar um encontro sem a necessidade de um espaço físico, geográfico, pré-definido. Assim, os conceitos de espaço/ tempo, público/ privado, dentro/ fora e global / local; foram todos relativizados. Pode-se, para exemplo do último conceito, verificar que há cruzamento nos usos, pois hoje, trabalhar em casa ou em qualquer deslocamento, trata-se de modificar o tempo todo o uso do espaço.

Assim, o espaço virtual contemporâneo teria grande funcionalidade às propostas fluidas, devido à sua possibilidade de onipresença, ao disseminar-se por toda a parte. Assim, a cidade como local de troca, comunicação, moradia, trabalho, estaria, potencialmente, em qualquer lugar.

A cidade que tradicionalmente se estabeleceu pela vitória do sedentarismo, da fixação no solo, da ocupação de um espaço euclidiano; hoje, desmantela-se para algo novo, ainda disforme, mas certamente de características marcantes no virtual, no ciberespaço – onde o EU de cada um está cada vez mais impresso e movente, pois a cada mudança da rede, modifica-se a localidade e por conseqüência direta, as relações que aí são desenvolvidas. O EU atual do ciberespaço, não é apenas agente modificador, mas também está propenso a se modificar, por ser uma engrenagem movente, constantemente “fluidizada” pelas diferentes relações estabelecidas nesse meio, que em si, é totalmente “gaseificado”.

Não há, portanto, distinções entre quem habita o lugar (o homem) e o lugar em si (a cidade).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

... eu não caibo, mas personagens urbanos como o sapateiro Nicola Paladino, há 51 anos no mesmo local de trabalho, cabem perfeitamente:

(Foto - Emerson Menezes)

A Itália e o Brasil têm mais conexões relacionadas à segunda Guerra Mundial, que os cerca de vinte e cinco mil soldados brasileiros da Força Expedicionária Brasileira, e os muitos imigrantes fugidos de lá no período do pós-guerra.

Como se descreve na História, o Brasil teve uma forte participação na etapa final da II G.M., quando enviou para lá cerca de vinte e cinco mil pracinhas da FEB, que ao conquistarem a região de Monte Cassino, contribuíram significativamente para a vitória dos Aliados.

Contudo, de lá para cá também vieram muitos imigrantes, que fugiram das dificuldades impostas após uma Itália devastada pela guerra

O sapateiro Nicola Paladino, 73 anos, é um exemplo e testemunha daquele purgatório e dos que buscaram no Brasil não a colônia de férias paradisíaca, mas um lugar onde pudesse simplesmente trabalhar e recomeçar as suas vidas. Oriundo da Sicília, mais precisamente da ilha Vulcano, no sul da Itália, sai de seu país natal devido à grande dificuldade pelo qual a Itália passou para se reerguer no pós-guerra. Assim, como seus conterrâneos, que vieram para o Brasil sem certificados de cursos ou graduações, mas com ofícios específicos (barbeiros, padeiros, marceneiros, carpinteiros, pedreiros ferramenteiros, etc.); aprendeu sua profissão com um tio.

Um resistente jovem sapateiro, então com 22 anos, fixou-se em 1957 no Rio de Janeiro, mas precisamente numa casa no bairro suburbano de Irajá. A parte da frente de sua residência o serve até hoje como oficina e deu sustento à sua família aqui constituída. “Aqui em frente passava o bonde, que fazia o trajeto Irajá-Madureira. Nesta época todo o comércio era de rua, e essa avenida tinha um fluxo intenso. Desta forma, consegui por muitos anos, sustentar a minha casa, educando meus quatro filhos.”

Certamente, os filhos do Sr. Nicola lhe devem muita gratidão, pois o funcionário federal, a professora, o administrador de empresas, e o técnico talvez não conseguissem, hoje, as mesmas oportunidades, caso seu pai tivesse que sustentá-los com que tira, atualmente, da sapataria: “Hoje quase ninguém vem aqui. Hoje quase ninguém usa sapatos, pois hoje tudo é muito artificial e descartável. Mas eu sou teimoso e mesmo ganhando pouco, sou resistente!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sobre a despoluição dos Canais do Cunha e do Fundão (Maré):

O Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré – CEASM – é uma associação civil, sem fins lucrativos, criada em 15 de agosto de 1997. O CEASM atua no conjunto de comunidades populares da Maré, área da cidade do Rio de Janeiro que reúne cerca de 130 mil moradores. O Centro foi fundado e é dirigido por moradores e ex-moradores locais que, em sua grande maioria, conseguiram chegar à universidade. Os projetos desenvolvidos pelo CEASM visam superar as condições de pobreza e exclusão existentes na Maré, apontado como o terceiro bairro de pior Índice de Desenvolvimento Humano da cidade.

AGUARDAM-SE AS PROMETIDAS OBRAS NOS CANAIS DA MARÉ
_____________________________________
Onde estão as tão faladas obras que prometeram recuperar e revitalizar os Canis do Cunha e do Fundão, aqui, na Baía de Guanabara?
As obras que o então secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu iniciar em novembro de 2007, financiadas com recursos da Petrobras, no valor de R$ 70 milhões com o apoio da Coppe (Coordenação dos Programas de Pós Graduação em Engenharia) /UFRJ; continuam sendo aguardadas pra seu efetivo início, pois até agora, apenas a Serla (Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas) instalou uma pequena estação de despoluição no canal e uma barreira de contenção de lixo flutuante que, junto à foz dos canais e rios que ali deságuam, mal seguram os detritos que correm a céu aberto.
Em agosto de 2007, o atual Ministro do Meio Ambiente, propagava que as obras trariam grandes benefícios para as comunidades do entorno dos canais do Cunha e do Fundão “Isso porque algumas famílias serão realocadas, as margens do canal e dos rios Jacaré e Faria Timbó serão reflorestadas, haverá programas habitacionais e mercados populares. Será um projeto muito importante para toda a população.”
Desta forma, os moradores da Maré aguardam ansiosos pela despoluição dos 6,5 Km de extensão dos canais, que retirará aproximadamente 1,8 milhões de metros cúbicos de material poluente, que continuam assoreando esses canais e impedindo a circulação das águas da baía.
Para os que se esquecem com facilidade, ou até mesmo nem gostam de lembrar, damos aqui, como referência, a nota da Serla, que saiu em 28 de agosto de 2007 e que não nos deixa mentir: http://www.serla.rj.gov.br/noticias/noticia_dinamica1.asp?id_noticia=363. E quem sabe agora, com poder que possui o Ministro Carlos Minc não cumpra o que tenha prometido há um ano, na figura de representante do Estado do Rio de Janeiro.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Dados fidedignos extraídos da Universidade Federal do Paraná, para que possamos colaborar neste momento difícil:

DEFESA CIVIL DE SC ABRE CONTA CORRENTE PARA RECEBER DOAÇÕES

Notícias do site http://www.defesacivil.sc.gov.br/

Caixa Econômica Federal - Agência 1277, operação 006, conta 80.000-8 /

Banco do Brasil – Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7 /

Besc – Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0. /

BRADESCO S/A - 237 Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1

O nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57. Defesa Civil de SC alerta sobre ação de golpistas pela Internet. A Defesa Civil não envia mensagens eletrônicas com pedidos de auxílio. As contas oficiais para depósito são as publicadas neste site.

DOAÇÕES: As Secretarias Regionais (SDR's) da região do Alto Vale do Itajaí (Blumenau, Brusque, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville e Timbó) montaram bases de distribuição e arrecadação das doações às pessoas afetadas pelas fortes chuvas do último final de semana.Consulte locais para entrega no: 48 - 4009 9886 ou nas SDR's.
As empresas ou pessoas de outros estados que tiverem interesse em fazer doações também devem ligar para: (48) 4009 9886. Os catarinenses devem ligar para 199 ou para a SDR mais próxima do seu município.

23:00h Dia 26 Nov 08 SITUAÇÃO POR MUNICÍPIO E DAS RODOVIAS

Informamos que a Defesa Civil Estadual é a fonte oficial relacionada às inundações e deslizamento ocorridos em Santa Catarina nos últimos dias.

Retificação do número de óbitos: informamos que o número oficial de vítimas fatais decorrentes das enchentes até o momento é de 97 pessoas. Com base em informações repassadas pela Prefeitura de Luís Alves, informamos - equivocadamente há pouco - o registro de outros dois óbitos no município, que não se confirmaram.

Registro de 78.656 desalojados e desabrigados, sendo 27.404 desabrigados e 51.252 desalojados. São 97 óbitos e 19 desaparecidos confirmadas e mais 1.500.000 afetados. 06 municípios isolados - sendo 63.965 pessoas (São Bonifácio, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Itapoa e Benedito Novo). Soledad - 4009 9885 - 8843 3695 - Na Defesa Civil SC. Fotos e notícias gerais no site do Governo do Estado: www.sc.gov.br/webimprensa.

domingo, 23 de novembro de 2008

- PAPEL versus WEB -

A escassez dos escafandros.

Como já não sou mais uma criança, nem nasci nestes tempos onde o virtual soa como se sempre existisse; penso nos jovens deste tempo, que quando buscam uma determinada informação, seguem retos para o caminho do computador, como se de lá fossem retirar a elucidação de seus questionamentos. Distantes portanto, de uma época (nem tão passada assim), onde as informações adquiridas nos jornais, não serviam apenas para sabermos do cotidiano ou auxiliar nos deveres escolares, pois serviam-se também a mergulhos profundos na busca do conhecimento.

Previsões nada otimistas, indicam que em cinco anos os jornais editarão apenas versões on-line. Assim, abrir-se-á espaço para a definitiva proliferação das notícias rápidas. Isso pode até se concretizar, contudo, penso que ainda existirá o espaço para os os parcos leitores, que buscarão textos reflexivos, textos estes, que, ainda, necessitam de mais espaço, menos próprios, portanto, para a web - precessora e preceptora do tempo real e da agilidade.

Contudo, no papel, observa-se o acentuado decréscimo dos suplementos - cadernos específicos, relacionados à determinada área ou categoria (Literatura, Gastronomia, Viagem, etc.), um aditivo específico do jornal , como se pudesse ficar destacado do todo.

Lembro-me bem do quanto aprendi, lendo suplementos de Arte e Cultura, com os cadernos Prosa & Verso e Segundo Caderno de O GLOBO, mas os mergulhos foram de fato dados, na imersão do Idéias do JB e Mais! da Folha de S. Paulo. Estes, ricos em suas análises e que eram sustentados por especialistas de diversas áreas. Tenho, inclusive, a satisfação de ter guardado (após certa pré seleção), cerca de dezesseis exemplares do Prosa & Verso, de setembro de 2202 a maio de 2007; mais trinta e quatro exemplares do Mais!, de julho de 2000 a setembro de 2004.

Hoje, infelizmente, com o que nos é dado, apenas "surfamos" por sobre as informações, nunca adentrando ao fundo, justamente, pois nos faltam escafandros...

sábado, 22 de novembro de 2008

O lado crítico dos internautas: o boca-a-boca virtual.

O lado nerd e muitas vezes, o aspecto de recluso ao mundo, que são atribuídos aos internéticos, podem trazer consigo outros componentes, que nos ajudam a elucidar este contemporâneo personagem destes tempos pós-modernos.
Um exemplo pode ser visto em determinadas tribos de consumo, que se formam e aglutinam em sites de relacionamento como o Orkut, posicionando-se de forma crítica quanto a marcas e produtos.
Lá, elegendo marcas e serviços, trocando informações quanto aspectos negativos e até mesmo positivos, formatam-se como verdadeiros formadores de opinião.
Um exemplo pode ser extraído do "Toddy é bem melhor que Nescau", que manisfestam não só suas insatisfações como principalmente, seus contentamentos e age assim, de forma gratuita e livre, a expressão de seu pensamento, que neste caso, agracia a referida empresa de chocolatados.
A relevância deste livre expressar pode ser visto no posicionamento de empresas como o Boticário, Pepsi, Coca-Cola, Grupo VR, Bradesco, Banco Real e Wal-Mart, que monitoram os internautas formadores de opinião, que falam de suas marcas.
Assim, as empresas aprendem com essas comunidades, que são ótimos termômetros para captar informações com seus consumidores e de quebra, verifica-se ainda, que pode existir vida inteligente sim, na internet, pois a questão não é a ferramenta, mas o adequado manuseio que se faz dela.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... a gênese de um texto, que se pretende teatral e totalmente metabolizado, pois como já disse Miguel de Cervantes; "cada um é filho de suas obras".

"Não caibo entre aspas..." - Da gênese ao ato; o processo.

Como se dá a gênese de um processo criativo? Como se constituem os fatos, que devidamente agregados, metabolizar-se-ão naquilo que ainda é do mundo das idéias?

Assim como tudo que busquei fazer, o lúdico sempre é utilizado para dar lustro ao objeto artístico. Assim, quando visualizava as isoladas cenas, do que viria a ser, posteriormente, o "Não caibo entre aspas...", já via-a totalmente poética e plasticamente bela. Com recursos cênicos simples, mas que fizessem alusão direta ao circense, à caixinha de música, à poesia, ao quarto da menina, ao baú de brinquedos, dentre tantas e outras mais referências.

Constituir-se-á em monólogo, para uma atriz e que traga embutida em si, as músicas autorialmente compostas e executadas ao vivo. Para a direção musical, nenhuma outra pessoa cabia, que não fosse Aruan Lotar, com o qual montei o espetáculo músico-teatral Circo Industrial (mais detalhes no blog - http://liberdadecomexpressao.blogspot.com). A dificuldade veio, quando se buscava uma atriz para compor a personagem. A primeira e que soube em primeira mão do espetáculo, foi Natália, integrante do Grutacha (Grupo de Teatro da Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso) e com a qual uma forte reciprocidade se estabeleceu assim que nos conhecemos.

Mas como muitos são os caminhos e poucos os pés a percorrê-los, perdêmo-nos , Natália para um lado, saindo inclusive da faculdade e eu desembestando também para outras tentativas... Assim, engavetado ficou o projeto deste espetáculo músico-poético-teatral, para dar lugar a outro, o projeto sobre o ano de 1968 - 68: uma liberdade com expressão.

E assim como os caminhos são muitos, e em certos casos podem se bifurcar, permitindo que iguais se reencontrem e se reconheçam; para trocar experiências, idéias, criatividades e principalmente, sonhos. Localizei Aruan Lotar dentro do grupo de alunos da Facha, que pensavam a semana de 68, e Clarisse na construção do espetáculo Circo Industrial. Clarisse encaixou-se perfeitamente à idéia da personagem em si. Clarisse dos Santos de Souza, 20 anos, aquariana do dia 9 de fevereiro; trás consigo, dez anos de Ballet Clássico (Studio de Ballet Bertha Rosanova), um ano de Ballet Contemporâneo (Cia. de Dança Deborah Colker), uma ano de Dança de Salão (Academia Max Forma), um ano de oficina do GRUTACHA, sem falar da experiência com o público, obtida nos três meses de estágio como guia de turismo no Maracanã. Mas não foi toda essa bagagem que me fascinou e sim, uma carinha de sapeca, num corpo de bailarina, com seus cabelos de boneca, que simplesmente, faziam/ fazem dela, a persona certa na hora adequada, para o final feliz de qualquer espetáculo.

E seguindo as idéias inseminadas por Aruan, eis-me aqui, escrevendo, tendo idéias, mas principalmente e sobretudo, narrando o processo criativo, pois enquanto não caibo entre aspas, que elas sejam utilizadas para referenciar o pouco do muito, que considero importante e fundamental...

..., mas a IGUALDADE será sempre citada...

=

Um sinal. Um símbolo.

Dois patamares que sobrepostos,

deslocam-se juntos rumo ao infinito.

Pegadas irmãs. Mesma direção.

Um par, lado a lado. Conjunto.

Se isolados, indicam o

sinal que a tudo subtrai,

mas conjugados assim

indicam o crescimento,

a irmandade,

a conclusão

e sobretudo

a igualdade.

(Em 29 de janeiro de 2005,

(no Fórum Social Mundial em Porto Alegre)

..., pois todas buscam os mistérios que têm Clarice.

Trama




Desde que descobrira – mas descobrira

realmente com um tom espantado –

que ia morrer um dia, então não teve mais

medo da vida, e, por causa da morte,

tinha direitos totais; arriscava tudo.


E por arriscar tudo,

permitia-se questões

que não mais indagava.

E assim tão de súbito,

como quando se constatou viva, ou

mesmo tão de repente,

como no dia em que certamente morrerá,

viu em seu suéter, o esgarçado do tecido

- A trama rompida no inesperado; o desgaste.

E desta forma, e por tanto pensar que era,

passou a pesar em não ser mais.

Contudo, como era mais trabalhoso

deixar de ser do que permanecer,

percebeu que estar sendo

tende a ser


tecido.




(Em 26 de julho de 2005 , após a leitura

do conto A Partida do Trem, do livro

Onde Estivestes de Noite de Clarice Lispector)

..., apenas tardes nubladas cabem no momento.

(Foto - Emerson Menezes)


Ondulações


Enquanto o
céu nubla,
ando iluminado.

O humor têm mergulhos sutis
dentro da
alma dos artistas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

..., pois sou apenas poético, independente de estar depositado ou desperto.

Depósito



Não sei se o que penso
é o que deveria
dizer e não digo.

Não sei se o que peso
é o mesmo que deveria reter,
mas fica sem medida.

Não sei se o que passa
é o mesmo que peso e digo,
mas que pesa e

deposita.





Hipótese e possibilidade



Se eu morresse agora,
deixaria a louça da última refeição sem lavar.
Deixarei a roupa da semana sem lavar
e não verei a chuva correr sobre a vila onde moro.
Deixarei da vilarejar, quando
não me faltam vizinhos disponíveis.
Deixarei de fazer a agenda do que teria
e do que deveria fazer, esquecendo-me, como sempre,
de listar meus desejos.
Se eu morresse? quando já poderia estar morto,
posto que não sei, quando se deu meu despertar.
Apego-me ao desapego,
quando percebo o inalcançável da liberdade.


(escritos em 17, 11, 2008)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

"..., (mas) unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda." (Salmo 23:5)

Transbordando


por ti, feito pena, plano.
Pois perante o teu feitiço,
em tudo ponho ponto.

Por ti, feito plena pluma,
paro tudo na plenitude
e parolando solitário, pulo.

E assim, por ti,
feito pássaro, todo emplumado,
passarolando trinados de alegria,

transbordo.
(em, 27, 06, 2008)

..., mas elas abarcam variadas intenções:

(Imagem extraída da Internet)


Iluminuras


Teço palavras
que arredondam-se
em redondilhas.

Traço ilustre ser
tão simples
e assim, lustrado,

ilumino-me.


(em 18, 07, 2008)

..., mas reconheço-as fundamentais, ...

Para citar

algo ou alguém.
Sobre tudo ou
qualquer coisa,

que me tocou e cristalizou
e por isso sempre
ficará gravado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"...do rubro núcleo ao negro céu..." (Morfeus, em Matrix II)

Caibo no teu dentro,
quando me lanço
no teu furdunço.

Chafurdo na lama
buscando sobreposições
ao recalcante jugo.

Cubro o teu rubro,
quando me sugas
o negro absoluto.

( Em 13, 11, 2008, na aula de Estética,
na Facha, da Profa. Rosângela de Araújo;
assistindo ao filme Matrix II)

..., mas uma análise cinematográfica é pertinente, neste caso "Mauá, o Imperador e o Rei".

FILME: MAUÁ, O IMPERADOR E O REI (Brasil. 1999) DIREÇÃO: Sérgio Resende ELENCO: Paulo Betti, Malu Mader, Othon Bastos, Antonio Pitanga, Rodrigo Penna; 134 min.

RESUMO - O filme mostra a infância, o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá, considerado o primeiro grande empresário brasileiro, responsável por uma série de iniciativas modernizadoras para economia nacional, ao longo do século XlX. Mauá, um vanguardista em sua época, arrojado em sua luta pela industrialização do Brasil, tanto era recebido com tapete vermelho, como chutado pela porta dos fundos por D. Pedro II.

CONTEXTO HISTÓRICO A aprovação da Tarifa Alves Branco, que majorou as taxas alfandegárias, e da Lei Eusébio de Queirós, que em 1850 aboliu o tráfico negreiro, liberando capitais para outras atividades, estimularam ainda mais uma série de atividades urbanas no Brasil. Foram fundadas 62 empresas industriais, 14 bancos, 8 estradas de ferro, 3 caixas econômicas, além de companhias de navegação a vapor, seguros, gás e transporte urbano. Nessa realidade, destaca-se a figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, símbolo maior do emergente empresariado brasileiro, que atuou nos mais diversos setores da economia urbana. Suas iniciativas iniciam-se em 1846, com a aquisição de um estabelecimento industrial na Ponta de Areia (Rio de Janeiro), onde foram desenvolvidas várias atividades, como fundição de ferro e bronze e construção naval. No campo dos serviços Mauá foi responsável pela produção de navios a vapor, estradas de ferro comunicações telegráficas e bancos. Essas iniciativas modernizadoras encontravam seu revés na manutenção da estrutura colonial agro-exportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente britânicos. Essa concorrência feroz, não mediu esforços e em 1857 um incêndio nitidamente provocado destruiu a Ponta de Areia. Suas iniciativas vanguardistas representavam uma ameaça para os setores mais conservadores do governo e para o próprio imperador, que não lhe deu o devido apoio. Sua postura liberal em defesa da abolição da escravatura e sua atitude contrária à Guerra do Paraguai, acabam o isolando ainda mais, resultando na falência ou venda por preços reduzidos de suas empresas.


Sinopse: Irineu Evangelista de Souza nasceu no Rio Grande do Sul e aos 9 anos, órfão de pai, vai para o Rio de Janeiro trabalhar no comércio. Graças a sua impressionante capacidade para os negócios, ganha o reconhecimento do escocês Richard Carruthers, que o "educa" segundo as inovadoras regras do liberalismo. Poucos anos depois, Carruthers volta para a Inglaterra deixando Irineu no comando dos seus negócios. Ele tem 22 anos.Em viagem à Inglaterra, Irineu fica maravilhado com as fábricas de Liverpool e resolve mudar o rumo de seus empreendimentos. Constrói a primeira indústria brasileira - uma fundição e estaleiro em Ponta de Areia. Funda o Banco do Brasil. Constrói nossa primeira ferrovia e a usina de gás que trará a iluminação à capital do Império. Desenvolve a Cia. de Navegação do Amazonas, cria novos bancos no Brasil e no Uruguai e traz para o país o primeiro cabo submarino do telégrafo.Aos 30 anos, Irineu já é a maior fortuna do Império e se casa com sua sobrinha, May. Através de associações com os ingleses, o Barão e depois Visconde de Mauá prospera a ponto de ser considerado o homem mais rico do mundo.Inicia-se um processo que vai minar sua fortuna. Aos 60, vítima de um confronto com adversários poderosos - o Império e os capitalistas ingleses - o Visconde de Mauá enfrenta uma falência humilhante da qual se recuperará anos depois, pagando todas as dívidas.

Outros pontos interessantes a serem destacados:

É interessante avaliar a reconstituição de época que é feita do Rio de Janeiro desse período, onde boa parte do sociedade escravagista é mostrada. O mercado negreiro, é bem situado nas vendas, ou seja, no mesmo espaço onde eram negociados o açúcar, o charque e a farinha de trigo. Verificando-se tambem que praticamente 190 anos atrás, uma sociedade escravocrata que mantinha seus produtos acorrentados e sob constantes castigos.

Uma outra cena interessante, que revela bem a sociedade desse período, são os despejos que são feitos na Baía da Guanabara pelos escravos, que carregavam os dejetos em grandes recipientes, e à noite saíam para despejar os dejetos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

..., mas uma noite cabe inteira, quando uma alma entorpecida não dorme:

Uma noite


quando uma voz
calou teu adeus.
Um copo na mão,
estilhaçado.
Um disco na vitrola,
arranhado.
A janela embaçada.
Minha voz embargada.
Som de porta batendo…
Chove lá fora,
ou aqui dentro?

..., pois Guimarães Rosa preenche milhares, assim, apenas me alimento de suas influências.

Poema à moda rosiana


ﺃ Palavra vigeﺇ


O arvoredo palavreava
em farfalhal trestriste.

Em economizada alegria,
manga de lágrimas ecoam.

Palavras grazinam embolatidas
e rascravam a paisagem.

Raivancudo e atascado
sigo, contudo, colibrífero,

pois as palavras têm
canto e plumagem.

ﺃ Ave, palavraﺇ

(em maio de 2007)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Considerações sobre o filme “Nós que aqui estamos por vós esperamos” de Marcelo Masagão, como poema, pois aspas cabem para a Arte em qualquer estado:

Indagações


Nós que aqui estamos,
vimos, viemos , vamos e vemos
o que o potencial humano é capaz de criar,
antepondo-nos o nada ao quase tudo.
Maniqueísmo posto enjaulado,
assistimos ao in e ao yang
das possibilidades humanas
passarem como num filme em
slow-motion, flash-back ou aceleradamente.
Humanos estes inanimados e almados animais,
que, em seus opostos, subvertem e abstraem.
Nós que aqui estamos,
ouvimos o inaudível que as guerras
querem insanamente justificar.
Vemos o invisível e o inviável
que a arte pretende denunciar.
Impassíveis assistimos,
que imagens de guerra são atemporais.
E quanto mais para longe olhemos,
nuvens ainda trazem temporais.
Sinestesicamente, fétidas imagens
nos gritam o horror, o horror.
Geneticamente o X pode ser cromossomicamente
diferenciado do Y, contudo, o que as pernas de
Fred Asteire e os joelhos de Josefine Baker
nos mostram é que no rebolado da vida,
somos todos iguais.
Nós que aqui estamos,
homens e mulheres desta geração,
que ícones estamos produzindo
para as gerações futuras?
Que leitura farão de nós,
quando formos apenas matéria
para documentários e estórias?
Como serão vistos no futuro
os registros de dor
de um Munch destes mundos atuais?
Como serão processados os símbolos
de desânimo e despreparo
do Hopper destes tempos?
Quais são os bordados
que estão sendo retalhados
em condições de desilusão e sofrimento
dos Leonilsons e Bispos do Rosário
que conosco convivem e seus lamentos?
Nós que aqui estamos,
somos a representação do hoje,
que será vista amanhã.
Portanto, no agora sabemos reconhecer
os Duchamps e Chaplins
destes conturbados tempos?
Onde estão os poetas neste mundo,
onde os senhores da guerra
pintam dantescos quadros?
Há Baudelaires e Maiakoviskis aqui?
Pois é bem sabido que novos
Hitlers e Stalins ressurgem logo ali.
E nós que aqui estamos, estamos de
fato acordados ou já passamos
para o outro lado?
Metalinguagem pura, quando de dentro
deste poema salta um rebelado fonema,
a transmitir-nos:
- Sim, ainda estou aqui!
(20 de março de 2007 - p/ o curso de Linguística, na Facha, da Profa. Thereza Viana)

..., mas aspas abarcam referências marcantes, tais como:

À moda leminskiana

Ilusão do ser,
pensar ser são.

(04/01/00)



Constatação
(à moda leminskiana)


Só me enfeito,
porque tenho defeito.

(10/11/99)

“mesmo vosso mau amor de vós vos faz do isolamento um cativeiro" - Nietzsche

sou eu sou tudo sou nada


Eu não sou menos que um,
embora muitas vezes
até em minha completude
não consiga ser inteiro.
Eu sou muitos, todos equacionados
numa fórmula que se estende ao infinito nevoeiro.
Sou dividido igual o Visconde Partido ao Meio.
Eu sou o incesto de um filho
que ainda não veio.
Eu sou o veio que se partiu
de variados afluentes desaguados.
Eu sou tanto e vários,
que alguns vão de aristocratas a operários.
Eu sou a mistura heterogênea da corrente,
ainda que infiltrada no beirado isolado
que transborda.

(em agosto de 2007)

“A vida é muito curta para ser pequena” - Chacal

Estive em estados diferentes


E assim termino,
no que mina do meu conto.

Como tudo flui, tudo parte partido,
para em sementeiras ser depositado.

Contudo, no meio de tudo, fico metido
em uma história que corre buscando sentido.

Como tudo que nasce busca no transcorrer do caminho,
desaguar para nunca findar, entendo a eterna procura.

E assim, quiçá, voltar feito nuvem,
para recomeçar como nascente em outro lugar.

(Em 25 de julho de 2007)

..., mas mesmo assim, aspas abarcam pensamentos próprios:

À tarde


quando o sol parte querelas feridas,
queixoso me esguelho
para debaixo das frestas.

Presta que sombras
sejam apenas frescas,
basta para os dias frios em que ardo.

Tardo tanto por te pedir perdão,
que sigo me culpando
pelo teu peito que catapulto.

Puto com tudo e, contudo, perdido,
pinto de vermelho meu luto
e a tudo sepulto.

..., mas elas nos servem para informes também, como o da morte, na Itália, da cantora sul-africana Miriam Makeba

(Imagem extraída da Internet)

ROMA, 10 Nov 2008 (AFP) - A cantora sul-africana Miriam Makeba, 76 anos, conhecida em todo o mundo como "Mama África" e famosa no Brasil pela música "Pata Pata", morreu na madrugada de domingo para segunda-feira vítima de uma parada cardíaca depois de ter participado em um concerto a favor do escritor Roberto Saviano, ameaçado de morte pela máfia, na região de Nápoles (Sicília).

Voz lendária do continente africano e um símbolo da luta contra o regime do apartheid, Miriam Makeba passou mal depois de ter cantado por 30 minutos em um show dedicado ao jovem autor do livro "Gomorra" em Castel Volturno. Foi a última a sair do palco, depois de outros cantores. Houve um bis e neste momento alguém perguntou se havia algum médico entre o público. Miriam Makeba havia desmaiado e estava no chão", afirma um fotógrafo da AFP presente ao evento.Levada rapidamente para uma clínica de Castel Volturno, ela morreu pouco mais tarde em conseqüência de uma parada cardíaca.Mais de mil pessoas compareceram ao concerto antimáfia, em uma área considerada um reduto da Camorra, a máfia napolitana, onde seis imigrantes africanos e um italiano foram assassinados em setembro passado em circunstâncias não esclarecidas.Em "Gomorra", Roberto Saviano submerge o leitor no império da Camorra. O livro, traduzido para 40 idiomas, foi adaptado para o cinema e recebeu o prêmio do júri no último festival de Cannes e foi escolhido para representar a Itália no Oscar.Miriam Makeba nasceu em 4 de março de 1932 em Johannesburgo. Ela começou a cantar nos anos 50 com o grupo "Manhattan Brothers" e em 1956 compôs "Pata, Pata", a canção que seria seu maior sucesso.A cantora viu seu país mudar com a chegada ao poder, em 1947, dos nacionalistas africaners. Aos 27 anos deixou a África do Sul pela carreira e teve a entrada proibida no país pelo compromisso com a luta antiapartheid, incluindo a participação no filme "Come back, Africa".O exílio durou 31 anos, em diversos países. A cantora fazia muito sucesso, mas seu casamento em 1969 com o líder dos Panteras Negras Stokely Carmichael, do qual se separou em 1973, não agradou as autoridades americanas, que a forçaram a emigrar para Guiné. Depois da morte da filha hija única em 1985, voltou a viver na Europa, mas em 1990 Nelson Mandela a convenceu a retornar para a África do Sul.

domingo, 9 de novembro de 2008

..., mas somos produto de tudo que outrora fôra misturado e assim, mantemo-nos produzindo incessantemente:

Homogeneidade

Sou nuvem, sou pedra,
sou, portanto, impermanência.

E somente na tua ausência

te sinto imiscuir-se em mim.

Não coube entre aspas, mas foi escrito, despretensiosamente, em setembro de 2008:

O parto


Com nuvens, pétalas e peças,
despeço-me do tempo.

Não mais projeto,
não mais aguardo,
não mais sentido.

Agora,
tudo possuído do desejado
propulsar por liberdade.

Assim sendo,
com penas, penumbras e poças,

parto.