segunda-feira, 29 de junho de 2009

A questão não é o diploma em si, mas um registro que unifique a categoria

Sempre me orgulhei de um pequeno documento lá em casa. Capa de couro vermelha, com o brasão da República e a inscrição (CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM – CARTEIRA DE IDENTIDADE PROFISSIONAL), em dourado - o registro profissional de minha mãe no COREN.


Minha mãe pagava as mensalidades do conselho, religiosamente, mesmo depois de aposentada. Dizia sempre que era a forma de estar agregada ao seu coletivo funcional, para o qual tanto estudou e batalhou para estabelecer o vínculo. Recebia regularmente o periódico do conselho e com ele, mantinha-se “antenada” com a situação do órgão, mesmo depois de afastada das suas funções na profissão. Tinha a exata noção, que a sua anuidade auxiliava, por exemplo, no custeio do departamento jurídico e na publicação do periódico, dentre outras funções importantes.


Minha mãe se reconhecia inserida numa categoria detentora de históricas conquistas e aquela carteira funcional era seu emblema, a representação material de tudo isso.


Senti bastante, quando no dia 18 deste mês de junho, o Supremo Tribunal Federal acabou com a exigência do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. Acompanhei as matérias que antecederam esta sentença; devo citar inclusive, muito calcado pelos conselhos da Professora Maria Helena, de Legislação da Facha, que em suas aulas sempre nos chamou a atenção para que estivéssemos atentos a este fato.


Para além de todos os comentários que li, principalmente, de O GLOBO, depois da decisão (em sua maioria, favoráveis), e apesar de ainda ser um aluno; não posso me abster do fato de ter ficado frustrado com esta decisão dos magistrados.


O que STF derrubou não foi o diploma em si, mas sim a exigência com a qual o Ministério do Trabalho podia contar para fiscalizar o exercício da profissão, doravante entregue aos patrões. Esta sim é uma das questões que considero mais perniciosas para a classe; por ser justamente, a que enfraquece a categoria.


O certo é que para frente, caberá às empresas jornalísticas decidir quem deverá contratar e quais critérios serão elencados para tal. E pior; se esses empregados antes já tinham pouca prática em exigências sindicais, em se agregarem num mesmo métier, conforme fizeram outrora, metalúrgicos, petroleiros, professores e bancários; hoje e para frente, isso ficará cada vez mais afastado da realidade corrente. Sem o devido respaldo jurídico, que uma classe coesa possa oferecer.


Verifica-se assim que esse comprometimento com o sindical recebeu um profundo abalo em seus alicerces, na sua busca de congregar os jornalistas numa mesma categoria. Contudo, é desejável que nós (profissionais, estudantes e a sociedade como um todo), nos mantenhamos na luta pela qualidade e o cuidado da informação, pela independência e pela qualificação profissional dos jornalistas acima de tudo; em nome do interesse público.


Mas, talvez, ainda não será desta vez, que poderei me orgulhar de possuir um registro timbrado por órgão de classe, como o fez minha mãe em sua carreira profissional.



terça-feira, 23 de junho de 2009

Etnocentrismos à parte, liberdade e vida deveriam ser direitos fundamentais; mas, nem sempre, cabem entre aspas em todos os lugares do mundo.



(Imagens retiradas da Internet)

Apesar da fraude, admitida em 50 cidades iranianas, Neda Agha-Solta, 27 anos, aluna de Psicologia e funcionária de uma agência de turismo, foi morta por se manifestar, publicamente, contra a vitória de Mahmoud Ahmadinejad, no Irã.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sob os bigodes do coronel

(Imagem retirada da capa de O GLOBO de 17, de junho de 2009)

Das imagens e frases da semana passada, a que talvez tenha me causado mais mal-estar, mais entojo é a do senador pelo Amapá e presidente do Senado, José Sarney, onde nega, veementemente, sua culpa frente aos crescentes escândalos da casa, que preside pela terceira vez.

Em frase como: "A crise não é minha, é do Senado", "Eu não sei o que é ato secreto", "Nós não temos nada a ver com isso".

A foto de Gustavo Miranda para O GLOBO de 17, de junho deste ano, registra a pose do impoluto senador, que em ato estupefato, tapeia-nos e estapeia-nos a todos.

Provavelmente, tremem e temem os demais senadores, pois muito mais deve estar encoberto pelo tapete azul do senado e, também, sob os fartos bigodes deste coronel nordestino.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As aspas abarcam a simplicidade do cotidiano



Cotidiano

As roupas, postas no varal,
parecem querer homenagear
Mondrian.

As plantas, devidamente regadas,
resgatam verdes desconhecidos de
Van Gogh.

Galinhas mineiras, ciscam pregadores sobre a mesa
e vão pregando-se cada vez mais
às tais simplicidades

catadas, ano a ano.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Senado Federal brasileiro - a cuia emborcada












Os sucessivos escândalos no Senado e o dinheiro público.

Desde fevereiro deste ano, estamos sendo bombardeados por uma sucessão de escândalos que beiram a anarquia de seus autores e a conseqüente afronta ao povo brasileiro.

Escândalos:
-O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia foi acusado de omitir de seu patrimônio uma mansão de R$ 5 milhões e de fazer contratos irregulares. Após 14 anos na função perdeu o cargo, mas continua ativo nos bastidores da política. Caiu, mas atribuiu aos senadores parte da culpa;

- O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi é acusado de cobrar propina para favorecer empresas interessadas em contratos com a Casa. Também foi acusado de usar a ex-babá como laranja receber R$ 2,3 milhões do Banco Cruzeiro do Sul, responsável por operações de empréstimos consignados a funcionários do Senado. Foi indiciado pela Polícia Legislativa da Casa por corrupção passiva e formação de quadrilha, por indícios de práticas ilegais na concessão de empréstimos.

- Pagamento de R$ 6, 2 milhões de horas extras a 3.383 servidores em janeiro de 2009, no recesso parlamentar. Apesar de ser sugerida a devolução do dinheiro recebido indevidamente, não se sabe quantos devolveram.

- Diretores burlaram a lei anti nepotismo empregando parentes por meio de empresas terceirizadas; estima-se que dezenas de parentes estão nesta situação. Apenas sete parentes de servidores foram demitidos, e nenhum processo administrativo contra os diretores foi aberto;

- O próprio Senado ficou surpreso com a descoberta de que a casa tinha 181 "diretores". Foi anunciada a demissão de 50 desses "diretores", sem redução de salários, mas poucas ocorreram de fato.

- O senador Tião Viana (PT-AC) emprestou um celular do Senado a sua filha, que viajou de férias para o México. O senador diz que pagou a conta de R$ 14.758,07, mas não foi punido pelo empréstimo;

- O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou parte de sua verba de passagens para fretar jatinhos. O diretor-geral, Alexandre Gazzineo, disse que a operação e ilegal;

- Deputados e senadores levaram parentes, namoradas e assessores em viagens pelo Brasil usando a cota de passagens aéreas do Congresso;

- O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), admitiu que vinha recebendo R$ 3.800 de auxílio-moradia desde 2008. O benefício não deveria ser concedido a quem, cmo Sarney, em moradia própria em Brasília;

- Atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento mostrou que cerca de 300 decisões (número pode ser maior) não foram publicadas. Na relação, aparecem as nomeações de um neto de Sarney e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici (AL), ligada a Renan Calheiros.


A existência do Senado é contestada

Essas nomeações e reajustes de seus funcionários, não publicados em Diário Oficial, são parte das atuais denúncias desta Casa, considerado um dos mais caros Senados do mundo (R$ 2 bilhões pro ano). Num ano onde se verificou que cada cidadão brasileiro, leva 157 dias por ano para pagamento de impostos, discute-se a possibilidade de acabar com o mesmo, uma vez que já existe a Câmara dos Deputados. Esse sistema bicameral só serviria para gastar dinheiro público e atrasar votações, pois tudo tem que ser votado nas duas Casas; em caso de emendas, vlta tudo de novo, além da burocracia e da semana de três dias.

Segundo palavras do jurista Dalmo de Abreu Dallari, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), para O GLOBO, em 12 de junho de 2009; os atos são ilegais e merecem punição aos responsáveis - não só direção, bem como, aos senadores.
- O Senado foi concebido para proteger as oligarquias regionais. A mesma corrupção que estas oligarquias praticavam nos estados foi incluída no Senado.
Ainda segundo do jurista, "tudo isso apenas confirma a necessidade de discutirmos seriamente se o brasil precisa do Senado".

Portanto, perguntamo-nos: o que mais vazará desta cuia emborcada?


Fontes: Informações extraídas do jornal O GLOBO (11 e 12 de junho). Fotos e imagens retiradas da Internet.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O STF julgará recurso contra o diploma (Jornalismo) dia 17 de junho

Adiado na tarde de 11 de junho, o julgamento do Recurso Extraordinário RE 511961, que questiona a exigência do diploma em curso superior de Jornalismo como requisito para o exercício da profissão, foi remarcado para o dia 17 de junho. A Executiva da FENAJ reúne-se neste feriado de Corpus Christi para traçar novas estratégias da campanha em defesa do diploma neste momento decisivo para o futuro do jornalismo brasileiro.

Às 16h30 de hoje, quando acompanhavam a sessão do Supremo Tribunal Federal, dirigentes da FENAJ foram informados de que o julgamento do processo sobre o diploma havia sido adiado, mas sem previsão de quando retornaria à pauta. Como a pauta das sessões é definida sempre na semana anterior e amanhã é feriado, a nova data foi definida nesta noite.

Outras matérias ordinárias também estarão incluídas na sessão da próxima semana. Mas a perspectiva é que com a definição da nova data o recurso sobre o diploma seja efetivamente apreciado. Às 9h desta quinta-feira, a Executiva da FENAJ, que está em vigília permanente, definirá os novos passos desta luta. O GT Coordenação Nacional da Campanha em defesa do Diploma também se reúne neste feriadão para tratar do assunto.

Com o processo de mobilização dos apoiadores da campanha intensificado nos últimos dias, a FENAJ e a coordenação do movimento esperam que as manifestações e articulações de novos apoios multipliquem-se com velocidade até o dia do julgamento.

“O fim da exigência do diploma para o exercício do Jornalismo significaria um grande golpe em nossa regulamentação profissional”, destaca Valci Zuculoto, diretora da FENAJ e componente da coordenação da campanha em defesa do diploma. “Não podemos deixar que os destinos do jornalismo no país fiquem ainda mais à mercê dos interesses dos donos da mídia”, diz. “Nossa expectativa é de que o STF se posicione pela manutenção da obrigatoriedade da formação. Mas para que isto se confirme, precisamos, todos, seguir firmes na luta”, conclui.

Fonte: FENAJ
http://www.difusora1340.com.br/noticia.asp?id=7591

Difusora 1340 / Iramar Ferreira

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Dia Mundial de Meio Ambiente e Ecologia

e-brigade, obrigado!

Emerson Menezes, estudante de Jornalismo da FACHA/ Rio de Janeiro

Neste 5 de junho, dia Mundial do Meio Ambiente e Ecologia, é importante refletir sobre as iniciativas de uma empresa brasileira de sucesso, que em mais um gesto empreendedor, vislumbrou na natureza uma aliada e não a simples fornecedora de matéria-prima.

Num mundo onde as iniciativas de atuação na responsabilidade sócio-ambiental, por menor que sejam, são sempre salutares e muito bem vindas, é importante que se dê o devido valor às propostas fomentadas no setor privado; pois até mesmo o governo, trava com certa dificuldade - o assunto é espinhoso e internamente contraditório – das regulamentações necessárias para o devido encaminhamento das questões ambientais; como se verifica no caso da demarcação da Reserva Indígena Raposo do Sol e as últimas questões, referentes à regularização das terras da região amazônica (Projeto Amazônia Legal).

A opinião-pública, por sua vez, busca cada vez mais, por informações que a adéqüem e a orientem no sentido de consumos mais eficientes e ambientalmente aproveitáveis. E assim, a sociedade clama pelo cuidado, com aquilo ao qual não apenas está inserida, como, também, necessita para sua própria sobrevivência.

Desta forma, como é grande o número de iniciativas de cunho sócio-ambiental, que vai de instituições governamentais à ONGs, que se preocupam com estas questões, é importante focar nas iniciativas privadas de sucesso e que devem ser tratadas como modelo disseminador, para que este mundo se faça de fato possível e todos, incondicionalmente, sejamos agradecidos por isso.

Sob a coordenação de Oskar Metsavaht, dono da Osklen, que em si já é um exemplo de superação, pois começou da adversidade de vender casacos de frio, na ensolarada Rua das Pedras, em Búzios; que se vislumbra a e-brigade. A e-brigade extrapola as questões pertinentes a uma grife de moda, vai além. É um Instituto e, como tal, avança em seu fecundo papel de comunicar à sociedade sobre as novas possibilidades de consumo consciente, elaborando normas, condutas e práticas ecologicamente sustentáveis. Assim, a utilização de materiais de origens recicladas, orgânicas, naturais e/ou artesanais, produzidos por comunidades (indígenas, quilombolas e ribeirinhas), e cooperativas, atreladas à própria indústria; são as circunstâncias que tornam esta empresa no diferencial do mercado.

Não sou um garoto-propaganda dessa empresa, e muito menos um consumidor voraz de seus produtos. Mas como todo estudante de Jornalismo, aprendo que, apurar uma matéria, não só lhe dá vigor, como consistência; busco, portanto, o conhecimento, para disseminar e propagar a todos que há sim, outras formas de fabrico e consumo, para que respeitemos a natureza, pois, com/como ela gostaríamos de ser respeitados, deixo abaixo o link da mesma, pois este assunto é muito promissor e cabe que saibamos mais.

Neste dia Mundial do Meio Ambiente e Ecologia não posso, portanto, abster-me de agradecimentos, pois todos nós somos partícipes neste processo: por suas valorosas iniciativas e contribuições, por suas orientações com a Carta da Terra, por suas práticas atreladas à Agenda 21 e por seus esforços de ampliação do Protocolo de Kyoto, obrigado e-brigade!

http://www.e-brigade.org