segunda-feira, 27 de julho de 2009

A estória de uma pipa avoada

Caiu e ficou atravessada no terraço lá de casa. Logo depois, várias crianças chegaram, pedindo-a. Todos se achando no direito de tê-la para si.

Recolhi-a. Enrolei-lhe a rabiola e a linha, com cuidado devido a rugosidade do cerol.

Como não estava propenso à conciliações napoleônicas naquele momento, pois eram muitas as crianças que pediam aquele simples objeto de desejo; resolvi não entregá-la para ninguém e guardá-la comigo. Como julgar quem mereceria mais, dentre tantas crianças?

Coloquei-a sobre minha escrivaninha, esperando que outros escritos avoassem em sua presença e caíssem ali.

A tarde passou e a noite já se aproximava. As crianças brincavam na rua, esquecidas da pequena pipa vermelha que caíra em meu terraço. Contudo, duas resistiram e retornaram, pedindo insistentemente o brinquedo voador. Perguntei-lhes qual o argumento que me apresentariam para que pudesse dar a um e não ao outro. Disseram-me que entregasse aos dois, pois eles sempre brincavam juntos, além de possuir uma coleção de pipas - divida na casa de ambos. Levaram-na. Deixaram-me ali, avoado, pensando em estorinhas de férias escolares.

Um comentário:

Emerson Menezes disse...

Relendo hoje, em pleno blecaute, após o apagão nacional; pude ver um erro. Em conciliações napoleônicas, leia-se SALOMÔNICAS...

Hoje, dia 11 de nov.