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sexta-feira, 9 de abril de 2010

Em Niterói, chuvas revelam imagens que os governos sempre tentaram esconder

Por Fatima Lacerda

O assustador número de mortes que não para de crescer em Niterói, uma das cidades até então consideradas de melhor qualidade de vida no Estado do Rio de Janeiro, obriga a uma reflexão sobre a imagem que os governantes tentam passar do município e a dura realidade das áreas periféricas, favelas e bairros da zona norte.

Por parte das autoridades, daqueles que deveriam implementar e propor soluções, até agora se ouviram apenas respostas prontas e evasivas. São declarações que, inevitavelmente, responsabilizam os pobres pela tragédia que já contabilizou centena e meia de mortos e a cada hora que passa, o número aumenta.

“Quem mandou morar em área de risco?” – é a resposta mais comum e previsível. Ora, ninguém espera que um prefeito ou governador tenha poderes de super-herói. Que resolva as mazelas do adensamento das cidades e da falta de estrutura urbana com varinha de condão. Não se trata disso. Mas que, pelo menos, lance um olhar para a pobreza, elabore projetos de contenção de encostas, melhore a limpeza e o recolhimento de lixo nessas áreas, discuta a construção de casas populares e desenvolva propostas de urbanização.

No caso de Niterói, lugar onde vivo há 35 anos, onde nasceram e foram criados meus filhos e neta, posso afirmar com pesar, mas sem risco de cometer injustiça: as chuvas derrubaram os muros que separam as áreas nobres dos morros, sempre escondidos, camuflados, completamente ignorados pelas políticas públicas.

Quem vive na Zona Sul de Niterói tem dificuldade de enxergar as favelas. Costumam ficar encobertas por muros, por árvores. A impressão que se tem e o marketing que se vende da cidade é de que Niterói é uma região de classe média e classe média alta, de pessoas brancas, muitas de sobrenome empolado, descendentes de europeus, com razoável poder aquisitivo e bom nível de instrução. A maioria dos niteroienses gosta de acreditar nessa farsa.

Mas basta chegar ao centro da cidade. Já no terminal de ônibus o asfalto está cheio de buracos, enquanto a Praia de Icaraí está sempre impecável. A iluminação, na Zona Sul, está ótima. Os jardins foram renovados. No entanto, a tragédia que deixou à mostra as vísceras da cidade, que se orgulhava em alardear sua alta qualidade de vida, dispensa palavras.

Não é preciso dizer que existem regiões completamente esquecidas, há anos, onde as reivindicações dos moradores ficam nas gavetas, como já afirmaram os representantes da Associação de Moradores do Morro do Estado que, nesta quinta, em meio à comoção geral, realiza uma assembléia para tocar nessa dolorosa ferida.

Diz-se que Niterói tem um bom programa de saúde nas comunidades, sendo pioneira na adoção do “médico de família”, inspirado na experiência cubana. Vá lá. Não é hora de avaliar criticamente a quantas anda o “médico de família”. Mas por que não copiar outras políticas públicas de Cuba? O país tem sido vítima de grandes tragédias naturais nos últimos anos, mas se orgulha de ter um programa preventivo que tem evitado milhares de mortes. Apesar do bloqueio econômico – o maior de todos os desastres – o recorde de mortes por tragédias desse tipo em Cuba foi registrado em 2005, quando 16 pessoas perderam a vida, na passagem do furacão Dennis.

Nesse sentido, no contexto da região metropolitana do Rio, o município de Niterói está mais para o Haiti do que para Cuba. No Haiti, recentemente, morreram 200 mil pessoas, naquele que foi considerado o mais trágico desastre já enfrentado pela ONU, em 60 anos de existência. Maior que o tsunami na Ásia, em 2004. O terremoto do Haiti, na escala Ritcher, foi menor que o do Chile. Mas o número de mortos foi infinitamente maior.

Então, não são apenas as forças da natureza. Esta não é uma tragédia sem culpados. Hoje eu estou com vergonha da minha cidade. Do desgoverno da minha cidade. Da invisibilidade a que têm sido relegados os mais pobres e os bairros periféricos. A chuva derrubou os muros. Descobrimos que o Haiti também é aqui. E agora, Sr. Prefeito?


Fonte: Fatima Lacerda é jornalista da Agência Petroleira de Notícias.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Locais que estão recebendo mantimentos por conta do temporal no Rio

Morro dos Macacos
Local de entrega de doações: Centro Comunitário Raiz e VidaEndereço: Av.28 de setembro 406/sala 02 - Vila Isabel
Telefone para contato: Márcia Helena, 9633-4982 (fazer contato antes da entrega)

Morro do Borel
Local de entrega de doações: CIEP da Rua São Miguel (Borel) ou Posto de Saúde Telefones para contato: Renata, 9154-4938 Maiores Necessidades: Materiais descartáveis (copo, prato, fraldas...)

Andaraí
Local de entrega de doações: Associação de Moradores João Paulo II Endereço: Rua Sá Viana, 269 – Grajaú.
Telefones para contato: Edson, 81859498Maiores Necessidades: colchonetes, materiais de higiene pessoal, alimentos

Cerro-Corá e Guararapes
Local de entrega de doações: Padaria do Geneci Endereço: Rua João Delerri, 68 - Cosme Velho. Telefones para contato: 9189-1904 e 9154-0975 (falar com Fátima)Maiores Necessidades: alimentos (principalmente para bebês: papinhas e leite), roupas, água e calçados para crianças e bebês

Morro do Turano
Local de entrega de doações: Colégio Estadual Herbert de Souza
Endereço: Rua Barão de Itapagipe (próximo ao número 311 ) – Rio Comprido
Contato: Gisele - 78968200Maiores necessidades: Fralda, absorvente, mamadeira e leite em pó.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

à catástrofe no Rio: um poema que lamenta


Aterrado(r)

Nuvens negras carregam-se
de plúmbeo pesar.
Tão cheias de si,
que despejam-se em barrigas
d'água sem fim.
Enfim (e hoje, infelizmente);
tudo que é líquido
joga-se à terra.

(fotos e texto - Emerson Menezes, às mortes trágicas do RJ)

terça-feira, 6 de abril de 2010

Cadê a Fundação Cacique Cobra Coral!?

Cadê a Fundação Cacique Cobra Coral!? O prefeito Eduardo Paes ainda mantêm este contrato? São perguntas que neste momento não querem calar.

Tristes os anos de 1966/ 1988/ 1996 e este 2010 - quando mais?