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domingo, 14 de agosto de 2011

Sob a Lua que flutua

A Lua não cabendo em si

descarregou-se inteira,

subvertendo a Física. Subvertendo a Lógica.

Deveria ser óbvio, que pela distância

eu obstante estivesse.

Contudo, e é nítido pelo que veem;

que foi apenas um instante

onde eu enlevado estivera.

sábado, 10 de abril de 2010

Lagoa Alagada

(ou, Tá tudo conurbado)

O lado A afogado,
com tudo submerso
e todos submetidos.

Apesar da força das águas
não subirem aos céus,
à poça de lama muitos cedem.

A presença da água
conurba tudo, e, assim,
aproximados, igualam-se.

"lado A, lado B, lado B, lado A"

(foto e título de Gabriel Tarnapolsky)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

à catástrofe no Rio: um poema que lamenta


Aterrado(r)

Nuvens negras carregam-se
de plúmbeo pesar.
Tão cheias de si,
que despejam-se em barrigas
d'água sem fim.
Enfim (e hoje, infelizmente);
tudo que é líquido
joga-se à terra.

(fotos e texto - Emerson Menezes, às mortes trágicas do RJ)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

... mas um poema meu cabe derramado ...

(foto da maquete do norte-americano Matthew Albanese, extraída da internet)

Em tornado



não caibo entre aspas,

assim como não pairo sobre as nuvens.

Pois tudo que em mim é líquido,

dissolve-se no ar, dia-a-dia;

como se eu me esvaísse em dilúvio.

Mas mesmo que não caiba entr'aspas

e não paire sobre nuvens , sigo, tolo-rolo,

tentando ser assim então,

pois quão bom é permitir

meu desejo flertar com a imaginação.

Caibo tanto entr"aspas" tal como

em sertão tenho me entornado.

sábado, 24 de outubro de 2009

E assim sigo: impactado pelo que me empacotou


Não caibo entre aspas,
mas o que cabe em mim
é o infinito, pois sabedor eu sei,
que todas as experiências que

coabitam em mim,
cabem num tubo de ensaio;
pois o humano é como o
inóspito e inoportuno perigo.

Tudo que vivi é pequena sílaba
e pálida estratégia já traçada
para outro indivíduo, que assim como eu;
em pacotes se programou.

Para além de minha matéria
e minha massa; minha encefálica
se conecta com outro indivíduo
e assim, falamo-nos na mesma língua.

Pouco provável que o que eu diga,
seja por potes de pílulas distribuído;
se assim o soubesse, que para algo
valeu ser este aqui, assim, tão partido.

E assim sou eu posposto: pacote
como qualquer outro de mesmo porte;
um invólucro de todas as possibilidades
do mundo - simultaneamente:

parasita e hóspede.




Emerson Menezes, em 24 de outubro de 2009.

domingo, 4 de outubro de 2009

... mas um poema num domingo nublado cabe.

ctrl + alt + del

plugo tudo aquilo
que não me impacta
e sem remédio e sem remendo;
corto, peso e empacoto.

o tempo passa
e passo a clicar
notas vagas de versos
que não interessam.

copio-os, não mais como
e assim, apenas regurgito
aspas que ouço
em outros estômagos.

sigo assim, apoiando-me
no meu diário: obtuso obituário
e sigo cortando e colando
figurinhas ao meu aspanário.


" "

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Da suntuosidade das pequenas coisas cotidianas

(foto - Emerson Menezes)

Dormi e sonhei. Quando sonhava, percebia-me em poesia. Isso mesmo, quando menos se espera, quando não se procura por ela; ei-la lá! Inacreditável, que ainda no hoje, nos surpreendamos com o fato de que em cada canto há um canto guardado, sufocado, inaudito ou reprimido. Assim, já acordado, passei a catar cada peça, cada lasca, cada verso na simplicidade do cotidiano...

Os pássaros que toda a manhã, fazem algazarras no meu terraço; como se cantassem a benesse de não estarem engaiolados, ou simplesmente, pelo frescor da água que molha as plantas. O sol que queima ácaros no travesseiro estendido para fora da cama. O cheiro do arroz em alho e sal. O odor do café mais bolo de fubá do lanche da tarde. Um feixe de sol num bólide de cristal. O som do cabresto e da rabiola das pipas nos céus das ruas. O som do solitário grilo que perturba os penetráveis sons errantes do início da noite.

A poesia que é fugaz sem ser fútil; rápida sem ser rasteira; que cabe perfeita entre quaisquer aspas e que apesar de sua simplicidade é soberana de sentidos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Abstraído

para esquecer de mim eu minto
para esquecer de ti eu asso

quanto a me abster ainda,
quando mais de mim me afasto...

pois sois um sustenido em mim
ainda que me submeta a cadafalsos.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A esmo...

(pequena pílula poética para pensar)

Enquanto os bem-te-vis cantam melodias que, talvez, só eles entendam; caminho devagar à divagar, buscando discernimentos nos pensamentos que, por certo, nem eu entendo.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

As aspas abarcam a simplicidade do cotidiano



Cotidiano

As roupas, postas no varal,
parecem querer homenagear
Mondrian.

As plantas, devidamente regadas,
resgatam verdes desconhecidos de
Van Gogh.

Galinhas mineiras, ciscam pregadores sobre a mesa
e vão pregando-se cada vez mais
às tais simplicidades

catadas, ano a ano.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sou qual passarinho, mas quem passará?

(foto de Emerson Menezes)


(com alusão direta a Mário Quintana,
pois ele cabe entre quaisquer aspas)



Oxalá quisesse abrir meu peito e cantar,
tal qual qualquer pardal solto, no sol a corar.

Oxalá minhas vontades-asas fossem compartilhadas
e com o partilhar alheio me empoleirar.

Oxalá entre aspas um canto uníssono,
retirado de partitura de trinados, ousássemos tutorear
.

terça-feira, 28 de abril de 2009

"..., mas recortes na paleta da natureza são bem vindos"

(foto de Emerson Menezes)


Irisdiscente


Um arco-íris que sorri,
é o efeito abestalhado da natureza;
que ignorante de si mesma,
apenas se manifesta em mantos de nuvens.

Ainda aluna das coisas,
e perante tão absurda beleza; silencia minha

íris discente.


domingo, 26 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

"... pois tudo que tende à terra, tende sucumbir"

(foto de Denis Darzacq, extraída do site: http://blog.uncovering.org/archives/2008/11/denis_darzacq_fotografias_em_quedalivre.html)


Caído


Caindo contra o movimento
que busca equilíbrio,
entonteço ao acontecer.

Tudo tende ao torto
e desapegado do nexo,
entorpece-se de medo
rumo ao abismo.

O poeta estabana-se,
mas não estanca,
estaca-se vago - fixo no espaço -
onde nem o fio da lança alcança
o doloroso meio-fio do asfalto.

O poeta não está caído,
mas está no ato contínuo
- alado -
em passo estático.

quarta-feira, 25 de março de 2009

..., nem nuvens, por não caberem em si ...







Nuvens plúmbeas plumas plainam sempre,
quando se fecha março.

E por mais que torça por planos que chovam,
ainda tanto falta fluir.

Peçamos por mais presença e
menos tele-audiência;

acessemos mais links, conquanto novas pontes

possamos construir.









quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

..., pois o ser apaixonado não cabe em si.

(foto de Emerson Menezes)


Qualquer uso

"A felicidade é como gota de orvalho numa pétala de flor..."
(A felicidade - Tom Jobim e Vinícius de Moraes)


Quero ser teu guia e o teu guarda,
para guardar a salvo o teu terreiro.
Ser o pedreiro de tua obra
e teu fiel escudeiro.

teu capataz;
teu camareiro;
teu esposo-amante;
e nos sabás teu feiticeiro.

Quero ser para ti,
qualquer uso - até que em bagaço
me acabe por inteiro

e quero que sejas para mim,
sempre assim, feito a chuva fresca,
a cair neste mês de fevereiro.

..., ainda que entre aspas uma corda bamba se sobreponha.

(logo da XXIV Bienal de São Paulo - foto de Emerson Menezes)


Desatinado


sinto que sigo.
e em tudo que
proponho,
ponho cinto.
afivelo-me e
afunilo-me
consentindo
no meu timo
desvelado.
e assim, sigo sendo;
mesmo sentindo
o meu tino
desnivelado.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

..., pois tudo que em mim coube, bate asas, desdobrando-se para outros lados.

(auto-retrato de Emerson Menezes)



sou poema de vento,
biscoito Globo,
pipa avoando,
pardal trinando à fêmea,
e um títere
desgovernado de paixão.

sou pluma,
quando tudo pena.
só plano,
quando tudo pára.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

..., pois tudo derrama-se de mim, vaporizando-se.

(foto de Emerson Menezes)


Derramamento


Ainda é dia e nuvens densas
me adentram e
derramam-me chorumes de
absinto.
Sinto que enfraqueço,
tal qual insetos que
pirilampam à lâmpada.
Assim aquiesço; à noite
derramar-me-ei à Lua.

em, 23 de janeiro de 2009