terça-feira, 1 de setembro de 2009

Da suntuosidade das pequenas coisas cotidianas

(foto - Emerson Menezes)

Dormi e sonhei. Quando sonhava, percebia-me em poesia. Isso mesmo, quando menos se espera, quando não se procura por ela; ei-la lá! Inacreditável, que ainda no hoje, nos surpreendamos com o fato de que em cada canto há um canto guardado, sufocado, inaudito ou reprimido. Assim, já acordado, passei a catar cada peça, cada lasca, cada verso na simplicidade do cotidiano...

Os pássaros que toda a manhã, fazem algazarras no meu terraço; como se cantassem a benesse de não estarem engaiolados, ou simplesmente, pelo frescor da água que molha as plantas. O sol que queima ácaros no travesseiro estendido para fora da cama. O cheiro do arroz em alho e sal. O odor do café mais bolo de fubá do lanche da tarde. Um feixe de sol num bólide de cristal. O som do cabresto e da rabiola das pipas nos céus das ruas. O som do solitário grilo que perturba os penetráveis sons errantes do início da noite.

A poesia que é fugaz sem ser fútil; rápida sem ser rasteira; que cabe perfeita entre quaisquer aspas e que apesar de sua simplicidade é soberana de sentidos.

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