domingo, 7 de dezembro de 2008

Considerações sobre a palestra “Urbanismo Estado Fluido”, proferida pela Dra. Rosane Azevedo de Araújo, na Facha:

A mobilidade do homem na cidade e da cidade no homem.


O ...etc. - Estudos Transitivos do Contemporâneo é um núcleo de pesquisa e produção de eventos sobre problemas emergenciais nos campos da ciência, da cultura e da arte em suas várias manifestações na sociedade, promovendo um diálogo com todos os campos do conhecimento. Seu objetivo é abrir o debate e a discussão ampla, analisando e propondo novas formas e modelos mais eficazes de intervenção social.


Considerações sobre a palestra “Urbanismo Estado Fluido”, proferida pela Dra. Rosane Azevedo de Araújo (coordenadora do grupo ...etc. - Estudos Transitivos do Contemporâneo), no evento Expressões da mente II – o mundo sou eu, no auditório da Facha – Faculdades Integradas Hélio Alonso, em 29 de outubro de 2008.

Segundo apresentado, a arquitetura e o urbanismo são tradicionalmente associados à estabilidade e a permanência, ao sólido e ao duradouro. Contudo, da era moderna para a atual, novos modelos já experimentaram em traçado específico, e fugiram do tradicional, do status quo, do consagrado e instituído.

Assim, arquiteturas diferenciais, condicionadas num urbanismo original, puderam ser vistas em arquitetos como Oscar Niemeyer ou até mesmo em construções específicas como o maior prédio do mundo em Dubay. Configurando-se assim, a idéia do que antes era tão sólido e, portanto, tão propenso a ser o mesmo; em liquefazer-se crescentemente, de décadas próximas para cá.

Verifica-se desta forma, que a não fixação, e a transformação, dão respaldo às questões propostas por autores como Zigmunt Bauman.

Bauman utilizou em seu livro “Modernidade Líquida” a metáfora da “fluidez” ou “liquidez”, para a então era moderna de seu tempo. No prefácio de sua obra, o tempo apresenta relevância especial, pois os fluidos estão sempre prontos à mudança, preenchendo espaços apenas por um momento e por isso mesmo, precisam ser datados. Como a mobilidade dos fluidos se associa a idéia de leveza, essa adentrou na história da modernidade, que não havia sido desde o começo um processo de liquefação, mas foi-se fluindo com o passar do tempo.

Na palestra, citou-se como exemplo deste tempo movente, a possibilidade de se marcar um encontro sem a necessidade de um espaço físico, geográfico, pré-definido. Assim, os conceitos de espaço/ tempo, público/ privado, dentro/ fora e global / local; foram todos relativizados. Pode-se, para exemplo do último conceito, verificar que há cruzamento nos usos, pois hoje, trabalhar em casa ou em qualquer deslocamento, trata-se de modificar o tempo todo o uso do espaço.

Assim, o espaço virtual contemporâneo teria grande funcionalidade às propostas fluidas, devido à sua possibilidade de onipresença, ao disseminar-se por toda a parte. Assim, a cidade como local de troca, comunicação, moradia, trabalho, estaria, potencialmente, em qualquer lugar.

A cidade que tradicionalmente se estabeleceu pela vitória do sedentarismo, da fixação no solo, da ocupação de um espaço euclidiano; hoje, desmantela-se para algo novo, ainda disforme, mas certamente de características marcantes no virtual, no ciberespaço – onde o EU de cada um está cada vez mais impresso e movente, pois a cada mudança da rede, modifica-se a localidade e por conseqüência direta, as relações que aí são desenvolvidas. O EU atual do ciberespaço, não é apenas agente modificador, mas também está propenso a se modificar, por ser uma engrenagem movente, constantemente “fluidizada” pelas diferentes relações estabelecidas nesse meio, que em si, é totalmente “gaseificado”.

Não há, portanto, distinções entre quem habita o lugar (o homem) e o lugar em si (a cidade).

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