quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

... eu não caibo, mas personagens urbanos como o sapateiro Nicola Paladino, há 51 anos no mesmo local de trabalho, cabem perfeitamente:

(Foto - Emerson Menezes)

A Itália e o Brasil têm mais conexões relacionadas à segunda Guerra Mundial, que os cerca de vinte e cinco mil soldados brasileiros da Força Expedicionária Brasileira, e os muitos imigrantes fugidos de lá no período do pós-guerra.

Como se descreve na História, o Brasil teve uma forte participação na etapa final da II G.M., quando enviou para lá cerca de vinte e cinco mil pracinhas da FEB, que ao conquistarem a região de Monte Cassino, contribuíram significativamente para a vitória dos Aliados.

Contudo, de lá para cá também vieram muitos imigrantes, que fugiram das dificuldades impostas após uma Itália devastada pela guerra

O sapateiro Nicola Paladino, 73 anos, é um exemplo e testemunha daquele purgatório e dos que buscaram no Brasil não a colônia de férias paradisíaca, mas um lugar onde pudesse simplesmente trabalhar e recomeçar as suas vidas. Oriundo da Sicília, mais precisamente da ilha Vulcano, no sul da Itália, sai de seu país natal devido à grande dificuldade pelo qual a Itália passou para se reerguer no pós-guerra. Assim, como seus conterrâneos, que vieram para o Brasil sem certificados de cursos ou graduações, mas com ofícios específicos (barbeiros, padeiros, marceneiros, carpinteiros, pedreiros ferramenteiros, etc.); aprendeu sua profissão com um tio.

Um resistente jovem sapateiro, então com 22 anos, fixou-se em 1957 no Rio de Janeiro, mas precisamente numa casa no bairro suburbano de Irajá. A parte da frente de sua residência o serve até hoje como oficina e deu sustento à sua família aqui constituída. “Aqui em frente passava o bonde, que fazia o trajeto Irajá-Madureira. Nesta época todo o comércio era de rua, e essa avenida tinha um fluxo intenso. Desta forma, consegui por muitos anos, sustentar a minha casa, educando meus quatro filhos.”

Certamente, os filhos do Sr. Nicola lhe devem muita gratidão, pois o funcionário federal, a professora, o administrador de empresas, e o técnico talvez não conseguissem, hoje, as mesmas oportunidades, caso seu pai tivesse que sustentá-los com que tira, atualmente, da sapataria: “Hoje quase ninguém vem aqui. Hoje quase ninguém usa sapatos, pois hoje tudo é muito artificial e descartável. Mas eu sou teimoso e mesmo ganhando pouco, sou resistente!

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