quinta-feira, 20 de novembro de 2008

... a gênese de um texto, que se pretende teatral e totalmente metabolizado, pois como já disse Miguel de Cervantes; "cada um é filho de suas obras".

"Não caibo entre aspas..." - Da gênese ao ato; o processo.

Como se dá a gênese de um processo criativo? Como se constituem os fatos, que devidamente agregados, metabolizar-se-ão naquilo que ainda é do mundo das idéias?

Assim como tudo que busquei fazer, o lúdico sempre é utilizado para dar lustro ao objeto artístico. Assim, quando visualizava as isoladas cenas, do que viria a ser, posteriormente, o "Não caibo entre aspas...", já via-a totalmente poética e plasticamente bela. Com recursos cênicos simples, mas que fizessem alusão direta ao circense, à caixinha de música, à poesia, ao quarto da menina, ao baú de brinquedos, dentre tantas e outras mais referências.

Constituir-se-á em monólogo, para uma atriz e que traga embutida em si, as músicas autorialmente compostas e executadas ao vivo. Para a direção musical, nenhuma outra pessoa cabia, que não fosse Aruan Lotar, com o qual montei o espetáculo músico-teatral Circo Industrial (mais detalhes no blog - http://liberdadecomexpressao.blogspot.com). A dificuldade veio, quando se buscava uma atriz para compor a personagem. A primeira e que soube em primeira mão do espetáculo, foi Natália, integrante do Grutacha (Grupo de Teatro da Facha - Faculdades Integradas Hélio Alonso) e com a qual uma forte reciprocidade se estabeleceu assim que nos conhecemos.

Mas como muitos são os caminhos e poucos os pés a percorrê-los, perdêmo-nos , Natália para um lado, saindo inclusive da faculdade e eu desembestando também para outras tentativas... Assim, engavetado ficou o projeto deste espetáculo músico-poético-teatral, para dar lugar a outro, o projeto sobre o ano de 1968 - 68: uma liberdade com expressão.

E assim como os caminhos são muitos, e em certos casos podem se bifurcar, permitindo que iguais se reencontrem e se reconheçam; para trocar experiências, idéias, criatividades e principalmente, sonhos. Localizei Aruan Lotar dentro do grupo de alunos da Facha, que pensavam a semana de 68, e Clarisse na construção do espetáculo Circo Industrial. Clarisse encaixou-se perfeitamente à idéia da personagem em si. Clarisse dos Santos de Souza, 20 anos, aquariana do dia 9 de fevereiro; trás consigo, dez anos de Ballet Clássico (Studio de Ballet Bertha Rosanova), um ano de Ballet Contemporâneo (Cia. de Dança Deborah Colker), uma ano de Dança de Salão (Academia Max Forma), um ano de oficina do GRUTACHA, sem falar da experiência com o público, obtida nos três meses de estágio como guia de turismo no Maracanã. Mas não foi toda essa bagagem que me fascinou e sim, uma carinha de sapeca, num corpo de bailarina, com seus cabelos de boneca, que simplesmente, faziam/ fazem dela, a persona certa na hora adequada, para o final feliz de qualquer espetáculo.

E seguindo as idéias inseminadas por Aruan, eis-me aqui, escrevendo, tendo idéias, mas principalmente e sobretudo, narrando o processo criativo, pois enquanto não caibo entre aspas, que elas sejam utilizadas para referenciar o pouco do muito, que considero importante e fundamental...

2 comentários:

Aruan disse...

Início de um poema musicado que ainda não sei se fiz, se faço e se farei de fato. E ainda me apresento incerto e inconstante perante a percepção de que este poema-canção, coube, cabe ou caberá no espetáculo.

Segue o trecho escrito na manhã e tarde de 22 de novembro de 2008.

(...)

Caibo na frase embuída de maus costumes que tu concebeu

Caibo na prosa esquecida que foi esculpida por quem já partiu

Caibo no verso encardido de um poema sujo que o velho escreveu

Caibo no tempo presente que jaz na alcova do que o sucedeu

(...)

Emerson Menezes disse...

Quando almas gêmeas colidem, nada há que impeça, que estrelas surjam. Aruan, quando li este teu primeiro texto, a ser musicado para o espetáculo, foi como se tivesse lendo um texto meu, que já tinha esquecido numa gaveta... Plena percepção de que os objetivos caminham ao seu efetivo encontro.