domingo, 23 de novembro de 2008

- PAPEL versus WEB -

A escassez dos escafandros.

Como já não sou mais uma criança, nem nasci nestes tempos onde o virtual soa como se sempre existisse; penso nos jovens deste tempo, que quando buscam uma determinada informação, seguem retos para o caminho do computador, como se de lá fossem retirar a elucidação de seus questionamentos. Distantes portanto, de uma época (nem tão passada assim), onde as informações adquiridas nos jornais, não serviam apenas para sabermos do cotidiano ou auxiliar nos deveres escolares, pois serviam-se também a mergulhos profundos na busca do conhecimento.

Previsões nada otimistas, indicam que em cinco anos os jornais editarão apenas versões on-line. Assim, abrir-se-á espaço para a definitiva proliferação das notícias rápidas. Isso pode até se concretizar, contudo, penso que ainda existirá o espaço para os os parcos leitores, que buscarão textos reflexivos, textos estes, que, ainda, necessitam de mais espaço, menos próprios, portanto, para a web - precessora e preceptora do tempo real e da agilidade.

Contudo, no papel, observa-se o acentuado decréscimo dos suplementos - cadernos específicos, relacionados à determinada área ou categoria (Literatura, Gastronomia, Viagem, etc.), um aditivo específico do jornal , como se pudesse ficar destacado do todo.

Lembro-me bem do quanto aprendi, lendo suplementos de Arte e Cultura, com os cadernos Prosa & Verso e Segundo Caderno de O GLOBO, mas os mergulhos foram de fato dados, na imersão do Idéias do JB e Mais! da Folha de S. Paulo. Estes, ricos em suas análises e que eram sustentados por especialistas de diversas áreas. Tenho, inclusive, a satisfação de ter guardado (após certa pré seleção), cerca de dezesseis exemplares do Prosa & Verso, de setembro de 2202 a maio de 2007; mais trinta e quatro exemplares do Mais!, de julho de 2000 a setembro de 2004.

Hoje, infelizmente, com o que nos é dado, apenas "surfamos" por sobre as informações, nunca adentrando ao fundo, justamente, pois nos faltam escafandros...

2 comentários:

Maracy Guimarães disse...

È CORTE COLA, POSTEI NO DIÁLOGOS POSSÍVEIS.... Um dia vi na web uma entrevista com o Nelson Pretto, onde ele ressaltava a dependência voluntária do conhecimento pelo avanço da digitalização da informação. Ele disse um dia quando os pais quiserem lembrar dos filhos na infância irão perceber que, por causa das inúmeras atualizações do sistema, não poderão mais desfrutar do aceso aos armazenados arquivos digitais. Enfim, isto vale pra tudo... Penso que quando conseguimos registrar virtualmente um momento de valor real é necessário materializá-lo para que não nos faltem lembranças, memórias... quando precisarmos dar sentido a nossa vida nesta vida! Possivelmente, alguns de nós terão que montar gráficas caseiras para dar corpo e matéria aquilo que chamamos de sensibilidade e nunca vai caber em nenhum pendrive!

Emerson Menezes disse...

É por conta disso Maracy, que apesar de tirar várias fotos digitais - inimaginável na época que utilizávamos papel fotográfico, pois os pequenos rolos de filmes custavam o suficiente, para pensarmos bem antes de fotografarmos; costumo escolher algumas, que julgo mais pertinentes e mando revelar. Continuo gostando do papel, do manuseável, do palpável, daquilo que pode ser catalogoado e aí sim, ficar de registro para a posteridade.
O mesmo digo para as músicas, pois apesar de poder tê-las no formato digital, no meu micro, gosto do CD (pelo menos enquanto ele resistir e durar), pelo mesmo fato - do manuseável, do encarte, da letra que pode ser acompanhada, da arte final no acabamento, dentre outras questões.