terça-feira, 18 de novembro de 2008

..., pois sou apenas poético, independente de estar depositado ou desperto.

Depósito



Não sei se o que penso
é o que deveria
dizer e não digo.

Não sei se o que peso
é o mesmo que deveria reter,
mas fica sem medida.

Não sei se o que passa
é o mesmo que peso e digo,
mas que pesa e

deposita.





Hipótese e possibilidade



Se eu morresse agora,
deixaria a louça da última refeição sem lavar.
Deixarei a roupa da semana sem lavar
e não verei a chuva correr sobre a vila onde moro.
Deixarei da vilarejar, quando
não me faltam vizinhos disponíveis.
Deixarei de fazer a agenda do que teria
e do que deveria fazer, esquecendo-me, como sempre,
de listar meus desejos.
Se eu morresse? quando já poderia estar morto,
posto que não sei, quando se deu meu despertar.
Apego-me ao desapego,
quando percebo o inalcançável da liberdade.


(escritos em 17, 11, 2008)

Um comentário:

Aruan disse...

O que é a morte de fato então?! Uns postulam que a morte é a passagem, o caminho para outro ciclo, outra coexistência, talvez outro nada. Talvez o fim eterno. A vida pode ser morte na medida em que dizemos menos do que pensamos e pesamos mais do que retemos. A distração e o sossêgo inerente ao ser humano contemporâneo é nossa eterna senteça de morte que de fato só se realiza quando já não nos realizamos. A realidade é que nosso caminho é um cronológico constante de vidas e mortes ainda em vida, posto que na medida com a qual pensamos, dizemos, pensamos e retemos podemos adormecer e despertar quase que diariamente! Será a morte a vida em sua plenitude?!